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Plano URSAL e Foro de SP: Ciro Gomes é um dos idealizadores?

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Origem do boato

No debate da Band do dia 09/08/2018, o deputado Cabo Daciolo, candidato à Presidência da República pelo Patriota, perguntou a Ciro Gomes sobre ele ser um dos “fundadores do Foro de São Paulo” e seu papel na elaboração de um projeto de unificação da América Latina chamado “Plano URSAL”.
Ciro estranhou a questão e respondeu prontamente que não é um dos fundadores do primeiro e que não sabia o que era o segundo. O candidato do Patriota até tentou retrucar tentando afirmar que Ciro “sabia sim”, mas Ciro respondeu que “democracia é uma beleza”, referindo-se ao direito do deputado de expressar sua opinião, e reiterou sua não afiliação a nenhuma das siglas mencionadas.

Foro de São Paulo e URSAL

O Foro de São Paulo é uma conferência de partidos políticos e organizações de esquerda criado em 1990. Já o Plano URSAL parece não passar de um boato inventado há dezessete anos por uma socióloga crítica do PT, segundo a Folha de São Paulo.
Lembremos: Ciro responde “não ser um dos fundadores do Foro de São Paulo” e “não saber do que se trata o ‘Plano Ursal'”.

Construção do boato

Apesar da resposta de Ciro a Cabo Daciolo, o portal Ceara News 7 procurou e encontrou um vídeo de uma palestra de Ciro Gomes falando sobre o Foro de São Paulo e Olavo de Carvalho e publicou em sua página um artigo com a manchete “Ciro participou do Foro de São Paulo e conheceu narcotraficantes e guerrilheiros”.
É um título bastante chamativo, mas que tem pouco a ver com o conteúdo do vídeo que acompanha a manchete. Enquanto a chamada faz parecer que Ciro manteve algum tipo de relação próxima de “membros” do Foro de SP, que também é tratado como uma “entidade mirabolante”, a verdade é que Ciro é bastante crítico com relação ao que sabe sobre a conferência.

O vídeo

No vídeo, Ciro afirma dialogar com todos os tipos de opinião e que “ideia não pega, o que pega é catapora”. Sobre Olavo de Carvalho, respondeu que o conhece para além da “personagem virtual”, e que, apesar de discordar em quase tudo de Olavo, tem por ele respeito, já que é um homem que lê.
Ainda falando sobre o respeito por quem pense diferente, Ciro relembra sua amizade com o economista Roberto Campos, com quem teve debates na década de 1990 e a quem trata como parte de uma “direita respeitável”.
Finalmente, sobre o Foro de São Paulo, Ciro explicou o que era a ideia original e disse que não tinha “nada a ver” com o que as lendas acerca do nome afirmam. A ideia original era reunir aqueles que estavam “fora do poder” em períodos de ditaduras latinoamericanas. Também admitiu ter participado e concluído: “coisa sem nenhum fundamento”.
Ciro narra, então, sua experiência com o Foro e conclui: “não serve pra nada”. Afirmou ainda que “chega a ser meio ridículo” encontrar lideranças que “não resolvem nada”, já que o propósito do Foro estava perdido uma vez que ditaduras não ameaçam mais os participantes.
Durante sua fala, Ciro fala sobre ter conhecido figuras como o “Comandante Cero”, o político e ex-guerrilheiro Edén Pastora, da Nicarágua, que concorreu às eleições da Nicarágua em 2006. Cita ainda mais um comandante de “alguma guerrilha do México”, mas trata todos como “figuras que não dizem mais nada”. “Mofou completamente”, conclui.
Ou seja, mais uma vez um portal de notícias publica um artigo com meias verdades. Apesar de o Ciro falar sobre “ter participado do Foro de São Paulo”, não explica nem o que disse Ciro Gomes e nem do que se trata o “mirabolante Foro de São Paulo”.