PROJETO

Plano de trabalho que estabelece objetivos, prazos, métodos de supervisão, coordenação, avaliação e controle. Um projeto nacional pressupõe uma visão de país, baseada num diagnóstico realista sobre a história e o momento atual do Brasil, e numa proposta de onde queremos chegar, de que Brasil queremos e podemos ser.

Para tanto, é preciso refletir a curto, médio e longo prazo. Esse projeto deve ser fruto de um profundo debate democrático, sedimentando uma aliança entre os trabalhadores, os empresários e a academia brasileira.

NACIONAL

Na economia globalizada, as condições de empreendimento e financiamento continuam sendo dramaticamente nacionais e desiguais. Os juros no Brasil são muito mais altos do que no resto do mundo; a taxa de câmbio brasileira é desfavorável à produção industrial; e a infraestrutura – carente de investimentos pelo galope da dívida pública em função dos altos juros – não é competitiva internacionalmente.

Uma política nacional, nesse contexto, não implica em protecionismos indiscriminados que favoreçam setores nacionais não competitivos, apenas por serem nacionais. Mas, dentro de um projeto, requer que sejam consideradas as novas formas de produção e a velocidade dos ciclos tecnológicos dos dias atuais. O Estado Nacional deve induzir os setores estratégicos, estimular os campos em que o Brasil possui um protagonismo natural, formular políticas tarifárias e cambiais favoráveis, investir em ciência e tecnologia. Em suma, deve coordenar nosso projeto nacional, como ocorre em todos os países avançados.

DESENVOLVIMENTO

Para superar o subdesenvolvimento e a dependência não basta o crescimento econômico. É necessário romper com a condição de subdesenvolvido e dependente e recolocar o Brasil na divisão internacional do trabalho por meio do desenvolvimento tecnológico, produtivo e, sobretudo, humano. Não há país desenvolvido onde as pessoas vivam mal.

Um projeto nacional de desenvolvimento, em um país com os níveis de desigualdade do Brasil, deve ter como obsessão criar as condições para a promoção da justiça social, deve reparar dívidas históricas do país com o próprio povo, gerando oportunidades menos desiguais, ao mesmo tempo em que dinamiza esse gigante mercado interno que pode converter em sustentável o ciclo de desenvolvimento que merecemos, e iremos, ter no nosso país.

Aqui tem Projeto!

Em livro inédito, Ciro Gomes explica a crise política e econômica e convida o leitor a debater o país que desejamos ser Projeto Nacional: O dever da esperança, livro inédito de Ciro Gomes, é um convite para debater racionalmente o país que somos e o país que desejamos ser.

Os 12 passos de Ciro Gomes

Por que o Brasil precisa mudar.

O Brasil tem hoje 169 milhões de pessoas em idade de trabalhar. Para gerar emprego e ocupação de forma sustentável para essa formidável massa de brasileiros, nosso país precisa adotar uma estratégia planejada, um plano nacional debatido por toda a sociedade, estabelecendo prioridades sociais e econômicas. Metas de curto, médio e longo prazos que permitam ao Brasil alcançar, em termos de renda e desenvolvimento humano, o mesmo nível de alguns países europeus ou asiáticos que já deixaram para trás problemas como desemprego, miséria e pobreza e oferecem oportunidades e um bom nível de vida para todos os seus habitantes.

O Brasil tem condições, riquezas e recursos para tanto. Mas isso requer um plano, um caminho estabelecido entre a sociedade e o governo, entre os trabalhadores, o setor privado e o setor público, que defina claramente políticas de desenvolvimento focadas na expansão da competitividade dos setores produtivos, com especial destaque para a indústria de transformação e redobrada atenção ao setor exportador, considerando também a força de nosso agronegócio, que junto com a mineração geram essenciais divisas para as contas externas do país. Nosso país perdeu milhares de indústrias e esse é um dos motivos mais relevantes para explicar o nosso baixo crescimento, de apenas 2,2% ao ano, em média, nos últimos 30 anos (1988-2017).

Para se ter uma ideia do baque que isso significa, basta dizer que o Brasil cresceu, nos 30 anos anteriores (1958-1987), à média de 6,6% ao ano, três vezes mais do que atualmente. As economias que mais enriqueceram nas últimas décadas foram as que investiram pesadamente em sua indústria, e assim tem sido ao longo da história. Nós fizemos o contrário. Em 1990, nossa produção industrial era igual à da China ou à soma de Coréia do Sul, Malásia e Tailândia. Mas em 2015, produzimos apenas o equivalente a 6% do que a indústria chinesa produziu e somente 33% do que produziram as indústrias dos outros três países somadas. Reindustrializar o país é uma das nossas metas principais, juntamente com o desenvolvimento dos setores de serviços intensivos em conhecimento, e será passo fundamental para o Brasil voltar a crescer e gerar mais empregos duradouros e de qualidade.

Isso requer, em um primeiro momento, o acerto das contas do governo, incluindo uma reforma previdenciária (que não afete direitos adquiridos), a redução de despesas e uma mudança na composição da carga tributária; uma taxa de juros baixa e uma taxa de câmbio competitiva. Essa mudança na carga tributária deve reduzir seu peso sobre a produção e onerar o segmento mais rico da sociedade, de forma a também reduzir a tributação sobre os mais pobres e a classe média, excessivamente sobrecarregados com o peso dos impostos sobre o consumo e o Imposto de Renda da Pessoa Física, e ajudar na fundamental redistribuição da renda na direção dos menos favorecidos. Em um segundo momento, serão necessárias políticas de inovação e estímulo ao investimento, que é a peça-chave para a retomada dos empregos que todos esperamos.

Existem pelo menos quatro grandes setores cujos insumos o Brasil compra hoje lá fora, gastando milhões de dólares anualmente e, com isso, ajudando a criar empregos não aqui no Brasil, mas nos países que nos vendem estas mercadorias ou serviços. São eles: Agricultura; Óleo, Gás e Biocombustíveis; Complexo da Defesa; e Saúde. Exemplos: o Brasil é uma das maiores potências agrícolas do mundo, mas importa adubos, fertilizantes e máquinas agrícolas. Boa parte desses adubos e máquinas agrícolas poderia ser feita aqui mesmo no Brasil, gerando empregos para os brasileiros e economizando dólares para o nosso país. No ano passado, calcula-se que o Brasil gastou nada menos que 11 bilhões de dólares nesses produtos. No setor de Óleo, Gás e Biocombustíveis ocorre algo semelhante.

O Brasil é autossuficiente em petróleo, mas importa gasolina e diesel. Só em 2017 mandamos para fora cerca de 13 bilhões de dólares para importar gasolina e diesel. Dinheiro que poderia ser investido aqui no Brasil para produzir estes mesmos derivados – só que gerando 200 mil novos empregos para os brasileiros – se reduzíssemos a importação de insumos neste setor pela metade. Na Saúde, o mesmo: cerca de 80% dos produtos farmacoquímicos usados para fazer os remédios que consumimos são comprados lá fora. Todos estes setores serão alvo de investimentos públicos e privados. O governo deverá, dentre outras medidas, utilizar as compras públicas para fomentar o desenvolvimento tecnológico e a geração de empregos qualificados dentro do país. Mas a peça mais importante nesse quebra-cabeças, como já afirmamos, é a retomada do investimento público e a criação de condições para a retomada do investimento privado. O BNDES terá um papel preponderante no financiamento do desenvolvimento.

A infraestrutura de nosso país é velha, insuficiente e carece de manutenção. Nas cidades, faltam habitações, saneamento e transporte público de qualidade. No interior, precisamos de ferrovias, estradas, portos, aeroportos e energia. Recuperar e modernizar a nossa infraestrutura é outro passo decisivo para gerar imediatamente milhares de empregos em todo o país, melhorar a qualidade de vida da população e aumentar a competitividade do Brasil que produz.

Para isso é necessário um setor público com boa saúde fiscal para participar, juntamente com o setor privado, desse investimento maciço. Pretendemos investir nestas obras cerca de R$ 300 bilhões por ano, através de investimento público ou estimulando o setor privado a fazê-lo, para superar as deficiências e gargalos que encarecem e limitam nossa capacidade de produção. Estimamos que somente as obras atualmente paralisadas podem gerar cerca de 350 mil novos empregos.

Quando falamos em desenvolvimento econômico, reindustrialização, agricultura e infraestrutura, não podemos nos esquecer que esse processo deve ocorrer de forma sustentável, preservando o meio ambiente. A maior parte dos conflitos observados na Política de Meio Ambiente é fruto de uma oposição artificial entre dois conceitos originalmente interligados, a ecologia e a economia.

Quando nos debruçamos sobre informações referentes ao uso e ocupação de terras no Brasil, percebemos que não há falta de espaço, mas sim de ordenamento no seu uso e ocupação. Existem áreas úteis de sobra para sistemas produtivos ao passo que estes setores ocupam, em áreas já modificadas pela ação humana, mais de metade das áreas vocacionadas para preservação. De outro lado, as políticas conservacionistas priorizaram a instituição de unidades protegidas como salvaguarda de nossa biodiversidade e pouco avançaram em políticas de harmonização da preservação com a produção. É necessário solucionar essa apenas aparente contradição. O país tem elevada biodiversidade e necessita definir e priorizar ações que desenvolvam o seu manejo e preservação, de modo a melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Em relação aos agrotóxicos, por exemplo, os esforços do governo têm que ser dirigidos para o desenvolvimento, no país, de defensivos agrícolas específicos para as nossas culturas e problemas, de menor conteúdo tóxico para pessoas e o meio ambiente, e deve-se incentivar o uso de sistemas de controle alternativos na agricultura, prática essa que se constitui em uma tendência mundial.

Devem ser estimuladas fortemente as inovações, em qualquer campo do conhecimento e da produção, que sejam sustentáveis e agreguem mais valor aos bens e serviços, mesmo porque as barreiras ao comércio internacional serão cada vez mais associadas à prática de técnicas e processos de produção sustentáveis. A realização de grandes obras deve ser acompanhada de um planejamento de arranjos produtivos locais em seu entorno. Não podemos nos esquecer da necessidade de ampliar fortemente o acesso da população aos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e resíduos sólidos, e também de operacionalizar ações para implementar as metas climáticas de redução da emissão dos gases estufa até 2020.

Uma política de ciência, tecnologia e inovação, articulada com uma política industrial e educacional é fundamental em uma estratégia nacional de desenvolvimento. É fundamental para caminharmos na direção de uma indústria 4.0., respeitando o meio ambiente; para sermos competitivos no exterior e produzirmos internamente uma parcela dos produtos que hoje importamos e teríamos condições de fazer no país; desenvolvermos novas técnicas que possibilitarão aumentar a produtividade em diversos setores que beneficiam a população, como a indústria alimentícia e os serviços de transportes, apenas para ficar com dois exemplos dentre muitos outros.

Precisamos preservar o conhecimento acumulado, com enorme esforço público e privado, evitando a deterioração da infraestrutura, a migração de cientistas qualificados para outros países e a desarticulação de grupos de excelência em pesquisa, e melhorar a articulação entre o mundo acadêmico e o empresarial, de forma a gerar conhecimento que aumente o bem estar da população brasileira e a competitividade das empresas. O Brasil produz poucas patentes atualmente, o que expõe o atrasado estágio de nosso processo de inovação e as dificuldades para obter registros de novos produtos e serviços. É preciso agilizar e desburocratizar este processo.

Para que esse objetivo se concretize, é necessário evitar iniciativas sobrepostas e ações antagônicas, maximizando o uso de recursos e alinhando os setores público e privado; fortalecer o CNPq e suas instituições de pesquisa; estimular a produção de conhecimento aplicado ao desenvolvimento tecnológico e de conhecimento associado entre empresas e universidades; estimular o financiamento de inovações através de “venture capital”; fomentar as ações que ajudem a desenvolver os complexos industriais já citados, a indústria manufatureira de alta tecnologia e os serviços intensivos em conhecimento; estabelecer fontes de financiamento estáveis; desburocratizar os processos de importação de insumos e equipamentos direcionados à pesquisa; incentivar o desenvolvimento de incubadoras e startups, e a sua associação com organizações que possam utilizar as suas soluções, e aprimorar o processo de concessão de patentes.

Só o investimento maciço na Educação poderá fazer do Brasil um país justo e desenvolvido, com oportunidades iguais para todos os seus cidadãos. Investir na melhoria da qualidade da Educação Pública será uma das nossas principais prioridades. E esta prioridade já começa na Educação Infantil, com a implantação paulatina de Creches de Tempo Integral para as crianças de 0 a 3 anos. É nesse período que se formam as aptidões mais sofisticadas do ser humano.

Vamos criar um programa específico para cuidar das crianças nessa faixa de idade. Em relação ao Ensino Fundamental, nosso problema não é o acesso e sim a qualidade. Vamos investir fortemente em sua melhoria. Almejamos obter no Ensino Fundamental do Brasil os mesmos resultados alcançados no Ceará, que com 77 das 100 melhoras escolas públicas do Ensino Fundamental brasileiro tornou-se hoje referência nacional.

Outra meta é elevar a média de anos de estudo da população, introduzindo a Educação de Tempo Integral no Ensino Médio e fazendo da escola um local de aprendizado, desenvolvimento esportivo, artístico e social, diversão e lazer, reduzindo assim a grave evasão que existe hoje, premiando as escolas em que a evasão for reduzida e o desempenho dos alunos, melhorado.

A política educacional vai reconhecer e valorizar o professor, o diretor e o gestor do Ensino. As universidades públicas deverão, além de ampliar a oferta de vagas e prosseguir com as políticas de cotas, estreitar seus laços com as políticas e ações no campo da ciência, tecnologia e inovação. Como objetivo geral, vamos caminhar na direção do alcance das metas de desenvolvimento sustentável da ONU no tocante à Educação e persistir na aplicação das metas estabelecidas no Plano Nacional da Educação (PNE). Vamos eliminar o subfinanciamento das despesas com educação causado pela Emenda do Teto de Gastos.

O povo brasileiro, já tão carente de oportunidades e de bons serviços públicos, merece receber o melhor atendimento de saúde possível. Merece e precisa, uma vez que mais de 80% da população, em média, não possui recursos para alternativas fora da saúde pública.

A concepção generosa e o desenho do Sistema Único de Saúde (SUS) são exemplares. Ao completar 30 anos de sua criação, o SUS precisa ser fortalecido e aperfeiçoado, em busca de melhores resultados para a população brasileira. É necessário aprimorar a organização, supervisão, avaliação e controle do Sistema, eliminando também, como na educação, o subfinanciamento causado pela Emenda do Teto de Gastos. Só assim será possível ampliar a qualidade e a resolutividade da atenção primária, que ainda hoje é objeto de insatisfação da população.

Outro ponto a ser trabalhado é a redução da espera para os atendimentos ambulatoriais, as consultas especializadas e a realização de exames, bem como a diminuição da espera para as cirurgias eletivas. Para isso é necessário investir na rede de atendimento, nas campanhas de prevenção e de vacinação, na formação de médicos generalistas, na melhoria dos sistemas de informação, na coordenação entre as diversas esferas de atendimento, incluindo o pacto federativo, e na premiação do bom desempenho.

O Brasil registrou 62 mil homicídios em 2016. Número equivalente às mortes provocadas pela explosão da bomba nuclear que destruiu a cidade japonesa de Nagasaki em 1945, durante o final da 2a Guerra Mundial. Com 31,1 assassinatos por 100 mil habitantes, temos hoje uma das mais altas taxas de homicídios do mundo. A verdade é que nos tornamos um país inseguro e violento. Vivemos com medo, seja na cidade grande, seja no pequeno município. Em muitas cidades, chegamos ao ponto em que o crime organizado controla tanto as ruas como os presídios. Mas a solução, como prova o fracasso generalizado da Segurança Pública em todo o Brasil, não é despejar nas ruas ainda mais armas. Quanto mais armas, mais violência e mais mortes.

Para mudar esse quadro, proteger a população e conter a criminalidade, é necessário aumentar a presença do Governo Federal na segurança. As medidas que iremos implementar tem por objetivo desenhar um novo modelo, em que a União participe mais da prevenção e repressão à criminalidade violenta. E isso significa melhorar as formas de financiamento das políticas de segurança, coordenar os esforços dos estados para conter o crime, direcionar as polícias federais para o combate às organizações criminosas violentas, controlar o tráfico de armas e drogas, criar uma Polícia de Fronteiras, organizar os esforços na repressão e prevenção ao homicídio, e implementar um sistema nacional de inteligência em segurança pública.

Ao mesmo tempo, como já dissemos, vamos investir maciçamente em educação, em escolas de tempo integral que eduquem e protejam nossa juventude do perigo das ruas, oferecendo-lhes ocupações alternativas e cursos profissionalizantes.

8. Passo:

CRIAR, MANTER E AMPLIAR OS PROGRAMAS SOCIAIS

Sorte do país que não tem de se preocupar com programas sociais pois a população não precisa deles. Mas este não é o caso do Brasil. Para milhares de famílias, o Bolsa Família é a única garantia de comida na mesa. Com ele, estes brasileiros comem. Sem ele, literalmente passam fome. O que não é nem de longe aceitável para um país que se quer justo e solidário, como nós queremos. Por isso é importante manter e aprimorar a rede de proteção social aos brasileiros mais desfavorecidos.

Os atuais programas, como o Bolsa Família, o Benefício da Prestação Continuada, o ProUni, o sistema de cotas nas universidades e o Farmácia Popular, dentre outros, devem ser mantidos e, na medida das necessidades, ampliados. Devemos também criar novos programas, destinados a faixas específicas da população, como a garantia de renda mínima a partir de determinada idade para os menos favorecidos.

Ou como o programa de acompanhamento orientado durante os primeiros 1.000 dias de vida das crianças carentes. E ainda o programa de redução da evasão escolar no Ensino Médio, época em que nossos jovens podem ser tentados pelo apelo do tráfico de drogas, além do programa de acompanhamento dos jovens egressos do sistema prisional.

A cultura terá um papel estratégico na afirmação da nossa identidade nacional. Nossa ideia é deslocar a cultura para além do mecenato à qual ela tem sido frequentemente empurrada. Queremos deslocar o conceito de cultura para um dos eixos centrais do nosso Projeto Nacional de Desenvolvimento, porque aqui se afirma a identidade nacional, que hoje está gravemente ameaçada, não só por hábitos de consumo, mas também por uma estética internacional que tem repercussões práticas na própria felicidade das pessoas. Se antes as pessoas buscavam sua felicidade no amor, na compaixão, na solidariedade, na poesia, na boemia, na insurgência revolucionária da política, ou seja, no ambiente espiritual que é o território da cultura, hoje elas são induzidas a buscar a felicidade, inconscientemente, num consumismo frustrante, porque a única coisa que está globalizada é a informação desse padrão de consumo sofisticado que elas conheceram pela internet.

Informação que chega a um garoto na África, no Brasil, nos Estados Unidos, que não têm renda para adquirir aquilo. Isso gera, de um lado, a pirataria, mas também a desesperança, o desencanto e o vale-tudo, porque o garoto, para ter esses elementos simbólicos do sucesso, senha para sua aceitação no seu grupo, acaba presa fácil do narcotráfico, por exemplo.

A nossa ideia é que o estímulo à cultura tenha a ênfase necessária para que o Brasil se reconheça na sua diversidade regional, nas suas diversas expressões tradicionais e históricas, na valorização do patrimônio histórico. Mas também nas novas estéticas, no experimentalismo de vanguarda, de novas linguagens, passando pela culinária, hábitos alimentares, artesanato, artes cênicas, artes plásticas, cinema, audiovisual e a música, naturalmente compreendendo nosso lugar no planeta.

Significa dizer que o Ministério da Cultura terá uma missão muito mais central da que tem podido ter nas últimas décadas. Vai precisar de um orçamento compatível com essa necessidade. Pretendemos aperfeiçoar a legislação do mecenato, preocupados em fortalecer expressões artísticas não comerciais, sem desmerecê-las.

Em um país pobre e desigual como o nosso, ganham importância as práticas afirmativas dirigidas a grupos que, por serem infelizmente discriminados na sociedade, precisam de políticas específicas que reduzam essa discriminação e as decorrentes desigualdades econômica, social e no acesso a oportunidades.

Os grupos que serão contemplados nas nossas políticas afirmativas são as mulheres, os negros, as comunidades LGBTI e as pessoas com deficiências. Políticas para mulheres precisam ser pensadas tanto em um contexto de urgência – por exemplo, como o aumento de acesso a creches públicas –, como de fortalecimento de leis e programas que facilitem a inserção das mulheres no mercado de trabalho em condições de igualdade aos homens, incluindo salários, e garantam a proteção à mulher contra todos os tipos de violência.

Dentre outras medidas, vamos aumentar o número de vagas disponíveis em creches; implementar programas de microcrédito e treinamento para a formação de microempreendimentos com atenção às mulheres; faremos cumprir as regras que determinam igualdade salarial entre homens e mulheres quando na mesma função e carga horária, a proibição de práticas discriminatórias por empregadores contra as mulheres e a conciliação entre os papéis na época de gravidez e amamentação; estimular a criação de delegacias especializadas, a paridade de mulheres na política e no Judiciário e ofereceremos educação informativa para atenção à prevenção da gravidez com foco em jovens de ambos os sexos, dentre outras ações.

Para dar um exemplo inicial e importante, sem ser suficiente, buscaremos igualar o número de homens e mulheres nas posições de comando no governo federal. A população negra e parda constitui mais da metade da população brasileira.

Diante desse fato, é difícil conceber a possibilidade de um projeto nacional de desenvolvimento sem que o racismo seja denunciado e a igualdade de oportunidades seja alcançada. Vamos desenvolver ações de políticas públicas para o pleno direito de acesso da população negra à justiça e à cidadania e garantir o ingresso da juventude negra nas universidades públicas através do sistema de cotas, assegurando a sua permanência nas instituições de ensino; estimular a adoção de políticas afirmativas por parte de empresas que poderão ganhar pontos de vantagem em processos de compras públicas; estruturar políticas específicas para os grupos mais vulneráveis, como as mulheres negras; e expandir o acesso das populações de áreas remanescentes de quilombos, comunidades rurais, ciganas e indígenas às escolas profissionais de ensino técnico, dentre outras ações.

No que se refere à população LGBTI, não podemos nos furtar do compromisso com a vida e igualdade em direitos dessa população. É preciso desenvolver ações que respeitem as diferenças humanas e a capacidade de reconhecer os direitos civis de todos. Vamos dar efetividade ao Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT; criar meios de coibir ou obstar os crimes LGBTIfóbicos; incluir o combate a toda forma de preconceito, seja ele por raça, etnia, sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero no Plano Nacional de Educação; articular e apoiar a aprovação do Estatuto das Famílias e do Estatuto da Diversidade; garantir e ampliar a oferta de tratamentos e serviços de saúde para que atendam às necessidades especiais da população LGBT no SUS e suas especificidades, e fomentar a aprovação dos Projetos de Lei em tramitação que visam a equiparação do casamento civil igualitário, assim como a Lei de Identidade de Gênero, entre outras medidas.

No que se refere à população LGBTI, não podemos nos furtar do compromisso com a vida e igualdade em direitos dessa população. É preciso desenvolver ações que respeitem as diferenças humanas e a capacidade de reconhecer os direitos civis de todos. Vamos dar efetividade ao Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT; criar meios de coibir ou obstar os crimes LGBTIfóbicos; incluir o combate a toda forma de preconceito, seja ele por raça, etnia, sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero no Plano Nacional de Educação; articular e apoiar a aprovação do Estatuto das Famílias e do Estatuto da Diversidade; garantir e ampliar a oferta de tratamentos e serviços de saúde para que atendam às necessidades especiais da população LGBT no SUS e suas especificidades, e fomentar a aprovação dos Projetos de Lei em tramitação que visam a equiparação do casamento civil igualitário, assim como a Lei de Identidade de Gênero, entre outras medidas.

A corrupção, infelizmente, é uma praga da política brasileira e como tal deve ser duramente combatida. Somos contrários a qualquer atitude ilícita e condenamos as práticas corruptas e os desvios de conduta na função pública. Defendemos o fortalecimento dos mecanismos de transparência e do chamado controle social, bem como os órgãos que fiscalizam o setor público, como a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU). Somos favoráveis também ao mecanismo do acordo de leniência com empresas envolvidas em casos de corrupção, pois ele é a maneira mais saudável de separar o joio do trigo, punindo os dirigentes e funcionários implicados em práticas ilícitas, mas preservando as empresas e os empregos daqueles que não tem envolvimento com corrupção.

No Governo, a corrupção deve ser enfrentada com o exemplo e vigilância permanente. Todos os que aceitarem trabalhar em nossa equipe assinarão um manual de decência e de responsabilidade com o dinheiro público, que é dinheiro do povo. Em caso de qualquer acusação ou denúncia específica fundamentada, o Ministro ou ocupante de cargo de confiança se afastará voluntariamente da posição e pedirá uma apuração independente, sem prejuízo das investigações dos órgãos competentes. Atestada a inocência, volta à função; havendo indícios concretos, será afastado definitivamente.

Um projeto nacional de desenvolvimento baseado na democratização de oportunidades e capacitações e rico em inovações institucionais tem como contrapartida a construção da soberania nacional. Esta inclui, além da defesa e da política exterior, o controle nacional de nossos recursos naturais estratégicos, como as fontes de energia (petróleo, gás e o sistema hídrico, por exemplo). Vamos reafirmar o compromisso com a Estratégia Nacional de Defesa já promulgada. O complexo industrial de defesa terá o objetivo de desenvolver tecnologia de vanguarda não apenas para preservar nossa soberania, mas também para propiciar inovações que serão utilizadas pelo restante do setor produtivo.

Também não toleraremos a compra por estrangeiros de ativos que compõem ou apoiam nosso complexo industrial de defesa. A política exterior, por sua vez, precisa servir a nossos interesses e a nossos valores, possibilitando ampliar, através de um projeto nacional de desenvolvimento, nosso espaço nas negociações políticas e comerciais globais, incluindo aquelas que se referem a mudanças climáticas e ao desenvolvimento sustentável.

Os acordos comerciais precisam priorizar o acesso a novas tecnologias e mercados, ajudando-nos a desenvolver a produção de bens e serviços mais sofisticados. Por fim, e não menos importante, para manter o controle de nossos recursos naturais estratégicos, todos os campos de petróleo brasileiro vendidos ao exterior pelo Governo Temer após a revogação da Lei de Partilha serão recomprados, com as devidas indenizações.O mesmo se dará com relação à Eletrobras, caso ela também seja vendida.

Nenhum país soberano entrega seu regime de águas para o controle estrangeiro. Igual ocorre com o petróleo. Não há nenhuma razão nacional brasileira – estratégica, econômica ou energética – que justifique a venda das nossas reservas ao exterior ou a pressa em explorar e produzir o nosso petróleo. A política exterior de uma grande democracia como o Brasil precisa servir a nossos interesses e a nossos valores. E engajar todo o governo e toda a nação em sua construção.

Mas afinal,

Por que Ciro?

Um Projeto Nacional de Desenvolvimento é algo que transcende as questões eleitorais. Mobilizar um país em torno da ideia de se desenvolver requer mais do que vitórias eleitorais: requer vitórias políticas. E, para isso, se faz necessário discutir com a sociedade o modelo de desenvolvimento a ser seguido para criar um consenso mínimo que viabilize sua construção.

Ciro Gomes é o político que defende com mais clareza hoje em dia a necessidade de construirmos um novo modelo de desenvolvimento para o país. Em sua peregrinação pelo Brasil, ele vem estimulando o debate sobre o tema e chamando a atenção para as mudanças estruturais que precisam ser pactuadas com a sociedade para que esse projeto se viabilize.

O Projeto Nacional de Desenvolvimento é o horizonte que deve guiar nossas ações. Ciro Gomes é parte importante desse projeto e é quem tem apontado com mais clareza o caminho que devemos seguir. O horizonte não é o Ciro, é o Projeto Nacional.

É por isso que estamos com o Ciro. Ou melhor, é por isso que o Ciro que está com a gente.