Chamou atenção na sabatina de Ciro Gomes no Roda Viva a insistência de parte da bancada de jornalistas em perguntas desconexas com as prioridades do momento em que vivemos. Ainda que a questão venezuelana seja sempre um assunto relevante para o Brasil, seu vizinho, o fato de estarmos no olho do furacão de uma crise econômica, agravada pela incompetência do governo Bolsonaro, e em meio a problema sanitário gravíssimo causado pela pandemia de coronavírus, exigiria da imprensa responsabilidade e foco.
Entretanto, se analisarmos mais atentamente esta “tática”, vemos que não se trata de simples despreparo de alguns jornalistas. Como o próprio o Ciro apontou na entrevista, quando chamado a responder sobre as pautas de costumes e identitárias, o diversionismo que orienta a grande imprensa brasileira não é acidental, mas um projeto. Projeto este que se apropria de temas sensíveis à moral popular para tentar empurrar para a população, de maneira camuflada, a agenda econômica anti-povo, entreguista e economicamente neoliberal. Ou nas palavras de Ciro: “A questão não é essa… é só papo furado para incitar a moral popular e fazer a turma votar no conservadorismo econômico, que é o que parte de vocês defende.”
Tampouco, passou despercebido pelos telespectadores, que apontaram a preponderância desses temas inoportunos no cenáriro atual. No Twitter, a entrevista, que alcançou o topo dos assuntos mais comentados do Brasil, fez sucessos os memes sobre a Venezuela e o teor das perguntas da sabatina:
Da mesma forma que a imprensa tem um papel fundamental para a democracia, cabe ao público pressionar e cobrar esta imprensa para que exerça sua função de exigir o posicionamento dos políticos e homens públicos sobre temas e urgentes e não em usar seu alcance para fofocas e “lacradas”. E o povo está, cada vez mais, atento!