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Ciro Gomes, Antonio Tabet, Mara Luquet, Pedro Doria e Juliana no MyNews. Exclusivo TodosComCiro

Exclusivo: A segunda parte do Hashtag CiroNoMyNews

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No dia 14/06/2021, Ciro Gomes conversou com Antônio Tabet, Mara Luquet, Pedro Doria e Juliana Braga. Ontem mesmo publicamos um resumo da conversa, que ao final da segunda-feira já tinha mais de 65 mil visualizações. Agora publicamos aqui partes da entrevista, divulgada apenas para os membros do canal no YouTube, teve duração de aproximadamente 40 minutos.
Ao longo da conversa falou-se do currículo de Ciro Gomes, da política externa de Bolsonaro, da descentralização tributária, sobre voto impresso, sobre o sequestro de pautas pelo bolsonarismo, alianças políticas e muito mais. 
Já no início da entrevista, Ciro falou sobre sua experiência na gestão de Fortaleza e do Ceará, e também durante o período em que foi Ministro da Fazenda. Deu a receita do sucesso econômico e industrial do Ceará ao longo dos últimos anos.
A respeito da descentralização tributária, Ciro afirmou que a dependência dos deputados federais dos recursos da união é um problema. E que o estado do Ceará está também à frente dos outros nesse indicador. De acordo com Ciro, em seu governo ele faria uma discussão de reforma tributária nos primeiros seis meses de governo exatamente para auxiliar nesse processo.
A conversa também contou com um papo a respeito do voto impresso. Ciro afirmou que confia no sistema eleitoral brasileiro e que não há nenhuma indicação de fraude. No entanto, disse que o PDT historicamente levanta a bandeira das urnas auditáveis. E que o voto impresso não permitirá o acesso físico do eleitor ao comprovante do voto. Servirá apenas para uma contagem, caso seja necessário. “Ninguém pense que eu defendo voto impresso. Eu confio nas urnas brasileiras. Mas não precisamos apenas confiar, é importante que possamos auditar.” disse Ciro Gomes depois de afirmar que apenas o Brasil, Sri Lanka e Butão não têm urnas auditáveis. 
No último trecho da entrevista, Ciro lembrou que as alianças políticas do PDT ganharam seis capitais, enquanto Bolsonaro e o PT não ganharam em nenhum município. Disse que as alianças mais importantes para Ciro serão com PSB, REDE, PV, Cidadania, DEM e PSD, e que a base dessas alianças deve ser um Projeto Nacional de Desenvolvimento muito claro.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

Mara Luquet: A história do Ceará atesta sua experiência. Você também participou da formulação do Plano Real, enfim.A sua visão de reformas e de responsabilidade fiscal muitas vezes não é percebida. Você pensa em fazer uma Carta aos Brasileiros?
Ciro Gomes: Eu fiz mais do que isso, Mara. Eu tenho uma biografia, governei um estado, governei a uma quinta cidade brasileira, e não tenho um único dia de déficit. No Ceará, sob o ponto de vista da dívida, eu fui ao mercado, durante o meu governo,eu tinha 36% de receita corrente e paguei a dívida pública imobiliária do Ceará, com vinte anos de antecedência do vencimento. Apenas para proteger o meu estado. E o Ceará hoje é o estado mais líquido do Brasil. E é o estado que tem a maior taxa de investimento per capita do Brasil. O que ninguém me chama é de ladrão, de incompetente. Ganhei nas Nações Unidas, o Prêmio Mundial de Combate à Mortalidade Infantil. A rede pública do estado do Ceará possui 87 das cem melhores escolas públicas do Brasil. 
Deixa eu mostrar aqui pra vocês esse livro (Projeto Nacional: Dever da Esperança). Aqui eu diagnostico os problemas de forma muito explícita. Eu proponho soluções muito concretas. Por exemplo, a tributação sobre as grandes heranças. O Brasil, Tabet, cobra 4%. O Ceará cobra 8% de grandes heranças. Esqueça quem ganha menos de 15 milhões de reais. Eu estou atrás de quem tem bilhões de reais. Nos Estados Unidos, é 29%. 
Pedro Doria: Como resolver a articulação política no congresso sem descentralizar os recursos no Brasil? Se estados e municípios arrecadassem um % maior dos tributos, você não acha que a relação política mudaria profundamente?
Ciro Gomes: Sem nenhuma dúvida. A dependência dos deputados federais cearenses da União em Brasília, não é tão grave quanto a de outros lugares. Porque aqui há um conjunto de recursos locais a ser disputados. O Estado tem a maior receita per capita para investimento. E isso não é um fenômeno doentio, patológico. É natural. O bom deputado não é o que toma boas posições no debate institucional do país. Mas sim aquele que consegue prestar conta de que trouxe alguma coisa, uma praça, um posto de saúde, etc. Isso é uma deformação que coloca no parlamento, uma tarefa executiva e acaba obrigando o deputado a ficar nesse jogo.
Mas quando eu falo que nós vamos fazer a reforma em seis meses e vamos fazer a negociação do novo pacto federativo em troca da reconstitucionalização do país, é exatamente isso que eu tô querendo falar. Porque o conjunto de providências que eu proponho vai fazer com que a lógica da Constituição de 1988 hoje, que é municipalista, federativa e descentralizadora, seja buscada novamente. Eu fui prefeito, já na Constituição de 1988 e havia ali uma distribuição muito fecunda dos recursos. O que que aconteceu?
O modelo econômico que o Fernando Henrique adotou explodiu a taxa de juros para substituir a questão da ancoragem cambial perdida no segundo mandato, na virada da eleição, e isso explodiu a dívida pública. De Pedro Álvares Cabral à Itamar Franco, a dívida tinha ido para 38% do PIB. Em 8 anos dessa política econômica do Fernando Henrique ela passou para 68% do PIB. O galope previdenciário e o galope da dívida fizeram com que a união passasse a fraudar o caráter municipalista da constituição, aumentando inclusive a carga tributária e excluindo a participação dos estados e municípios. Nós precisamos agora acabar com isso. Quando fizermos a reforma que eu estou propondo, todos esses recursos serão partilhados com estados e municípios em direção a um novo pacto federativo.
E quem é a força política responsável por debater essas inovações institucionais? É a direita? É o Paulo Guedes? Não é possível. E o Lula não fala nada sobre isso. Sobre o teto de gastos, sobre a autonomia do Banco Central. Quando o Haddad foi candidato, ele propôs autonomia do Banco Central. Assim como a Dilma convidou Paulo Guedes para ser Ministro e Lula entregou a formação econômica do Brasil para o Meirelles, que depois foi ministro de Temer e hoje é secretário do Dória. Vocês percebem para quem está entregue o pensamento “progressista” brasileiro?
Antonio Tabet: Ciro, quando saiu a notícia do voto impresso algumas pessoas ficaram ali na caixa de gordura, mas eu amei! Eu fiquei me colocando ali no papel do eleitor bolsonarista. Daquele xiita mesmo. Que tudo pra ele é o voto impresso e que isso seria argumento para qualquer derrota do Bolsonaro. E quando surge Ciro Gomes defendendo isso dá tela azul no cara. Teve um pouco disso na sua posição ou você de fato acha que não tem problema nenhum falar sobre o assunto agora?
Ciro Gomes:  Tem uma coisa utilitária nisso que é tirar o argumento do bolsonarista golpista, que vai acusar fraude qualquer que seja o resultado eleitoral. E eu vou derrotar ele, ele não vai pro segundo turno. Mas ele vai alegar fraude. E eu confio no sistema eleitoral brasileiro. As urnas são boas, não há nenhuma indicação de fraude. 
Entretanto, deixa eu explicar, o PDT tem essa questão de voto auditável, que não é nenhuma ficha, nenhum voto impresso, nem o voto da cédula, ninguém vai poder pegar em papel nenhum. É uma urna eletrônica igualzinha à nossa, só que ela tem uma impressora do lado. Quando você aperta 12, aparece a fotografia do Ciro e o nome sem você poder pegar, por trás de vidro ou de plástico. Ninguém toca nisso. Depois o papel cai na urna. E amanhã se alguém entrar na justiça, o juiz pode mandar abrir a urna e contar os votos manualmente, como uma redundância. 
Primeiro, a tradição do PDT foi defender isso a vida inteira. Tem a ver com o Brizola ter flagrado uma tentativa de fraude da PROCONSULT, entra no Google aí. Próximo concurso, né? Se você tiver dúvida, então o PDT luta por isso a vida inteira. Olha, em 2009 nós votamos isso no Congresso Nacional e era Lula presidente. Em 2009 o Lula sancionou isso, porque o mundo inteiro faz isso. Porque a urna é que nem a mulher de César em Roma, não basta ser virtuosa, tem que também parecer ser, em nome da confiança do cidadão de que o seu voto não é fraudado. 
Mas agora o lulopetismo quer confundir a gente com o Bolsonaro, usando um assunto antigo, que vem do programa do PDT e que foi votado pelo PT e sancionada pelo Lula. Em 2009. Sabe quem mais no mundo não tem o voto auditável, Tabet? O Butão e o Sri Lanka. São os únicos dois países do mundo que não têm sistema interno de redundância.
É um voto redundante, indevassável que fica dentro da urna. O mundo inteiro faz assim, todos os sistemas eleitorais são redundantes. Eu confio na urna brasileira, se não não era candidato, eu confio na urna brasileira. Mas nós temos que não só confiar, nós temos que dar ao povo a segurança. E nesse caso não custa nada para as finanças do brasileiro. 
Pedro Doria: Ciro, mas o Bolsonaro não está usando esse assunto para criar o seu 6 de janeiro [em referência a Donald Trump]? Já que o TSE está dizendo que não teremos tempo isso não alimenta a tese do bolsonarismo?
Ciro Gomes: Por isso eu antecipei minha resposta dizendo que eu confio nas urnas eletrônicas. Exatamente por isso. Agora, o meu partido, o PDT, não pode desertar de uma tese de mérito nossa, por causa do Bolsonaro. A bandeira do Brasil o Bolsonaro também quer tirar.
Nas minhas manifestações vão ter muitas bandeiras do Brasil. Se essa meninada da seleção brasileira tivesse feito o que eu esperei que eles fizessem, eu tinha tirado a minha canarinho e tinha andado com ela na rua. Eu não vou deixar o Bolsonaro tomar as boas teses, só porque ele é um imbecil, um canalha, um bandido, qualquer adjetivo que você queira fazer. Vou tirar ele do segundo turno para proteger o Brasil!
Pedro Doria: Eu tenho franco medo disso. Porque crescer a economia no ano que vem do piso que está hoje não será tão difícil assim. Dá pra fazer isso inclusive artificialmente e já vai ter um número de pessoas vacinadas para normalizar a nossa vida. A gente está descartando o Bolsonaro com facilidade demais. Existe o risco deste fascista ser reeleito, Ciro.
Ciro Gomes: Eu luto porque eu também quero que a gente enterre essa figura nazistóide o quanto antes. Mas nós não vamos fazê-lo sem tomar uma qualidade muito forte nesse debate. Porque a crença de que o Lula já ganhou é completamente ilusória. Isso é uma miragem. Só quem pode ressuscitar o Bolsonaro é o antipetismo. 
Pedro Doria: Eu também não acho que o Lula já ganhou. Não estou fazendo previsões.
Ciro Gomes: Eu sei disso. Eu quero só dizer porque você tem razão. Nós não podemos deixar de vigiar o delírio golpista do Bolsonaro.
Antônio Tabet: Ciro, tem a possibilidade de uma chapa Ciretta? Ciro mais Mandetta? Eu chamo de centro expandido. Você já escolheu seu vice, Ciro?
Ciro Gomes: Eu estou tratando de montar uma estrutura de centro esquerda. A ideia é basicamente um núcleo que já foi experimentado na eleição municipal com grande êxito. Nós ganhamos seis capitais. O PT não ganhou nenhuma, o Bolsonaro não ganhou nenhum. A ideia é juntar o PSB, a Rede da Marina Silva, Heloísa Helena, e Randolfe, que está brilhando na CPI da COVID. O PV do Penna e o PDT que é o meu partido.
Além disso, nós queremos puxar uma aliança para o centro com o DEM e com o PSD, do Gilberto Kassab. Tudo isso em cima de um Projeto Nacional de Desenvolvimento. Estou fazendo isso junto com uma equipe de ouro que está me ajudando a pensar em uma proposta detalhada para responder o problema brasileiro.