O ato de filiação da senadora Kátia Abreu ao PDT, ocorrido nessa segunda-feira em Palmas-TO, contou – além da presença do próprio pré-candidato à presidência pelo partido – com a presença do senador Roberto Requião (MDB-PR). O ex-companheiro de partido da senadora foi enfático ao afirmar o rompimento do MDB paranaense com o diretório nacional do partido e com o governo Temer, além de praticamente sacramentar a candidatura de Kátia Abreu ao governo de Tocantis.
Dentre os assuntos abordados pelo emedebista, estava a existência de um segmento do senado que ele classificou como “suprapartidário”, do qual ele e Kátia fazem parte. O senador enalteceu a fidelidade da ex-emedebista aos seus ideais e lamentou a forma como ela foi expulsa pelo núcleo duro do diretório nacional do partido.
O ponto forte do discurso de Requião foi o apoio às ideias de Ciro Gomes, expressas no Projeto Nacional de Desenvolvimento defendido pelo pré-candidato do PDT, o combate ao entreguismo da gestão Temer e ao processo de desindustrialização que o país atravessa nas últimas décadas. O que, a princípio, parecia apenas o apoio a bandeiras comuns entre os dois políticos, tornou-se um chamado para que os nacionalistas do Brasil apresentem uma candidatura única nas eleições para conter o desmonte do país:
“Vocês poderiam estar se perguntando, Ciro, o que faz um pemedebista na filiação de Kátia Abreu no PDT do Ciro Gomes. Eu sou presidente do PMDB do Paraná. Um PMDB diferenciado do nacional. (…) Eu estou aqui representando um grupo de senadores independentes, do qual faz parte a senadora Kátia Abreu. Nós somos vinte e poucos senadores no Congresso Nacional. Nós atuamos em defesa da soberania brasileira, do desenvolvimento, da geração de emprego. (…) Eu conversava com o Ciro agora há pouco numa cerimônia que fizemos com a imprensa: o Brasil está sofrendo uma crise brutal, mas ela é uma crise, basicamente, de destruição da indústria. (…) A agricultura do Brasil puxa a nossa economia.
E a indústria está regredindo. (…) Nós precisamos começar um processo de industrialização na pré-agricultura, na pós-agricultura, na industrialização daquilo que nós produzimos e o Tocantins pode ser uma alavanca desse processo, tendo à frente do governo a experiência, a firmeza e a lealdade da minha amiga, da nossa irmã, Kátia Abreu! E constituirmos uma família de brasileiros que vai enfrentar essa eleição do Tocantins em cima dos princípios da nacionalidade e vai acabar enfrentando a eleição presidencial da mesma forma. Nós teremos um programa de governo e teremos, Ciro, um candidato único, ao fim a ao cabo, para tirar o Brasil da mão dos entreguistas e devolvê-lo ao povo brasileiro.”
Agora resta saber quais serão os próximos passos desse apoio. Ciro disse reiteradas vezes que o MDB faria parte da oposição pela primeira vez na história caso fosse eleito presidente. Por outro lado, sempre reconheceu que o partido ainda tem excelentes quadros, como o próprio Roberto Requião, por quem nutre profundo apreço. Desse modo, é possível que o interesse nacional se sobreponha às alianças partidárias na construção do palanque paranaense de apoio à candidatura Ciro Gomes ao Planalto.