A irresponsabilidade genocida do governo de Jair Bolsonaro levou o Brasil, de acordo com os dados apurados até 12 de junho, à segunda colocação do ranking macabro de mortes causadas pela doença do novo coronavírus. Mais de 41 mil brasileiros perderam suas vidas.
Somam-se a isso as quase que diárias ameaças de rupturas democráticas vindas de membros do governo ou do entorno palaciano, em especial dos filhos do presidente.
Em todas as dezenas de entrevistas e debates dos quais participou nestes 15 dias recentes, Ciro Gomes vem defendendo a união, no campo da luta, de todas as correntes democráticas que desejem salvar as vidas que ainda estão ameaçadas no país, proteger empresas e, principalmente, empregos nessa hora em que a economia mira uma queda nunca antes vista e, em última instância, a luta pela garantia da democracia e das liberdades.
Tudo isso é claro – ou ao menos deveria ser – para todo brasileiro comprometido com a democracia. Porém, uma questão emerge já agora: e o pós-crise? Qual Brasil emergirá desta que certamente é a pior crise de sua história?
Para tentar responder essa questão Ciro Gomes defende um aprofundamento das diferenças políticas e de ideias nesse segundo momento. Como tão simples que parece ser, a constatação é de que sem diagnóstico não há tratamento. Se vê necessário, primeiramente, um grande debate nacional a respeito das razões que nos trouxeram para um buraco que parece ainda não ter fundo.
Um debate não voltado para a autoimolação, senão para encontrarmos as razões que levaram o Brasil a simplesmente deixar de crescer nos últimos 40 anos. A escolha ideológica por destruir sua base industrial, perdendo a corrida do desenvolvimento moderno, e passar a viver de ciclos consumistas que não se sustentam, sejam eles promovidos pelas assim autorreferidas “esquerda” ou “direita”.
Chega-se então ao cerne da questão. O Brasil precisa voltar a decidir o que quer para si e encarar seu futuro. E isso só se faz com planejamento, com projeto. Uma grande concertação nacional que envolva cientistas, classe empresarial, trabalhadores e todos aqueles que busquem o desenvolvimento econômico e social do país em torno de um novo modelo, pois o que está em vigência já se provou falido por mais de uma vez.
Não há saída para o Brasil no pós-crise de pandemia e Jair Bolsonaro sem que o Brasil resolva reconciliar-se com a potência que o construiu: o povo brasileiro.