Ciro Gomes se coloca mais uma vez em defesa da indústria nacional, soberania e do desenvolvimento tecnológico do país. Através de suas redes sociais, Ciro tornou pública sua adesão à luta pela manutenção do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S/A (Ceitec), estatal federal sediada em Porto Alegre. Há meses a associação de colaboradores da empresa (ACCeitec) busca impedir a extinção do Centro, prevista para março.
Anunciada em junho pelo então secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, a liquidação da empresa foi decretada, em publicação no Diário Oficial da União, pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 16. Em reação, o deputado gaúcho Pompeo de Mattos (PDT) apresentou, no dia 18, um Projeto de Decreto Legislativo para barrar a sanha entreguista do governo. A iniciativa do parlamentar foi apoiada e divulgada por Ciro Gomes.
Enquanto o governo federal decretava sua extinção, o Ceitec trabalhava na viabilização produtiva de componentes que usarão tecnologia 5G. A proposta era adaptar a estrutura do Centro para produção de dispositivos e circuitos integrados usando o nitreto de gálio (GaN), semicondutor necessário às aplicações para a quinta geração de telefonia celular e carregamento de carros elétricos.
De acordo com ACCeitec, a extinção da estatal, única empresa da América Latina capaz de produzir chips e semicondutores, custará mais caro do que mantê-la funcionando. A Associação também alega que os estudos subsidiários à elaboração do decreto são falhos, não apresentam assinatura de um técnico responsável e, ainda, que a decisão não recebeu aval do Tribunal de Contas da União (TCU) e autorização do Congresso Nacional. Em nota, os colaboradores destacaram o caráter estratégico da empresa não só para a política de semicondutores, mas para a microeletrônica do Brasil.
O “governo brasileiro vai expulsar cérebros e tecnologias”, afirmou o economista Paulo Gala. Em artigo publicado em seu site, Gala ressalta que o Ceitec constituiu, ao longo de uma década, um capital intelectual singular para o Brasil. A estatal conta um quadro de seis pós-doutores, sete doutores, 40 mestres, 46 pós-graduados, 48 graduados e 25 técnicos, todos concursados. Isso significa, de acordo com Paulo Gala, um investimento de R$ 30 milhões e quase mil anos de formação altamente qualificada de profissionais dedicados a “produzir tecnologia nacional e tornar o país independente de importações em diversas áreas estratégicas para o desenvolvimento da nação”.