No dia 26 de março, o terceiro colocado nas eleições presidenciais de 2018, Ciro Gomes (PDT-CE), esteve em Lisboa, Portugal, para uma aula-palestra na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. O Presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e seus movimentos políticos foram os principais temas de discussão da entrevista concedida por Ciro antes da palestra.
A aula-palestra foi organizada pelo NELB (Núcleo de Estudo Luso Brasileiro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa) por meio da sua Presidente Elizabeth Lima (advogada e mestranda em Portugal na FDUL).
O nosso Presidente, a comemoração do golpe de 1964 e seu bando
REPÓRTER: A ideia de comemoração do golpe de Estado 1964. Quer comentar essa decisão do presidente?
CIRO GOMES: O Brasil tem hoje doze milhões de pessoas desempregadas. Sessenta e três milhões de brasileiros estão inadimplentes. O Brasil tem trinta e três milhões de pessoas vivendo na informalidade, sofrendo todo tipo de humilhação. Anotamos nos últimos doze meses, oficialmente registrados, 63.800 homicídios. Sessenta mil mulheres foram estupradas oficialmente no Brasil nos últimos 12 meses.
O nosso presidente fez uma viagem absolutamente vergonhosa aos EUA, violentando princípios da nossa tradição mais que secular. O nosso presidente está com familiares e ele próprio envolvido num conjunto de constrangedoras coincidências com milícias que estão por detrás da morte – e na frente os executores da morte – de uma vereadora chamada Marielle Franco no RJ, e de seu assessor, Anderson Gomes.
O nosso presidente envolveu o Brasil numa escaramuça bélica com a Venezuela para fazer o serviço sujo dos serviços de inteligência estrangeiros.
O nosso presidente passou um vexame no Chile ao elogiar a ditadura Pinochet. O nosso presidente rompeu com o presidente da Câmara e inviabilizou o diálogo para tentar construir um ambiente em que o país possa amadurecer um conjunto de reformas.
E, para não cansar mais os seus ouvintes e espectadores, o que ele tem feito ao longo dessa grande quantidade de bobagens e grosserias, de evidências muito chocantes de seu despreparo, de sua vocação nazifascista misógina, homofóbica e tudo que há de ruim, é procurar distrair a opinião pública brasileira criando fatos. Essa menção – a senhora veja com que atenção me dedico ao assunto – é apenas para tentar dar um fator de coesão ao bando dele, que também está perplexo pelo conjunto. Só dei alguns exemplos. Poderia cansá-la muito mais.
O Presidente, a Venezuela e a ameaça à integridade territorial
Na sequência, Ciro respondeu a perguntas sobre a Venezuela, a base de Alcântara e a integridade territorial do Brasil. O ex-governador fez a importante menção de que é a primeira vez desde a Guerra do Paraguai em que a integridade territorial do Brasil é ameaçada. Leia a íntegra clicando aqui.
Michel Temer: velho corrupto que merece a prisão há muitos anos – mas…
Ciro também falou sobre a prisão de Michel Temer, preso na quinta-feira (21/03/2019) e solto na segunda-feira (25/03/2019). Exaltando as prisões de Eduardo Cunha (PMDB-RJ e ex-presidente da Câmara de Deputados) e Geddel Vieira Lima (PMDB-BA, ex-vice presidente da Caixa Econômica Federal no governo Dilma e ex-ministro da Integração no governo Lula), Ciro descreveu Michel Temer como um “velho corrupto que merecia estar preso há muitos anos”, mas que isso não é pretexto para lhe subtrair o direito de defesa. Leia a íntegra clicando aqui.