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As mudanças de partido de Ciro: trajetória de luta e não de fisiologismo

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Muito se fala sobre as mudanças de partido na trajetória política de Ciro Gomes. Quase sempre, essas menções querem fazer supor uma inconsistência do “cara que mudou várias vezes de partido”. Para além das aparências, entretanto, é possível ter outra leitura.
Enquanto o próprio Ciro classifica sua vida partidária como “uma tragédia”, podemos ver nela uma constante tentativa de manter os valores que norteiam a própria vontade de estar na vida pública e um compromisso com a política como um dever maior.
Com frequência circula uma lista fake de partidos pelo qual Ciro teria passado e que começado sua vida política em 1977 se filiando ao Arena, partido base na Ditadura Militar. A verdade é que Ciro nunca foi filiado ao Arena e em 1977 ainda era estudante de Direito na Universidade Federal do Ceará e se juntaria pela primeira vez a uma sigla em 1982. Por força do “Pacote de Abril”, instituído pelo governo Geisel, para concorrer a deputado na mesma chapa em que seu pai José Euclides Ferreira Gomes, Ciro teria que estar na mesma legenda e assim o fez.
Logo no ano seguinte, 1983, Ciro ingressou no MDB. E aqui é preciso lembrar que partidos também tem história e na década de 1980, ainda sob o regime ditatorial, o MDB representava a oposição democrática ao corrupto e decadente governo militar. Mas ainda era pouco pra Ciro, que ansiava em participar de um novo projeto para país, ajudando a fundar um novo partido, construído por intelectuais e políticos como uma proposta social democrata, o PSDB.
Primeiro e único governador eleito pelo PSDB nas eleições de 1990 e, até hoje, o mais jovem governador eleito na história do Brasil, Ciro deu sequência a um projeto de transformação do Ceará. e que três anos depois seria premiado com a honraria Maurice Pate, concedido pela UNICEF, pela drástica redução da mortalidade infantil no estado.
Nas eleições presidenciais de 1994, o PSDB escolheu Fernando Henrique Cardoso para a disputa. Apoiando seu correligionário, Ciro posteriormente assistiu a conciliação de Fernando Henrique com interesses opostos ao projeto que inicialmente representava seu partido, com a implatação de uma agenda financista e neoliberal bastante radical e de subserviência internacional.
Nesse momento, a escolha de Ciro foi em se afastar da política partidária e continuar seus estudos na Universidade de Harvard nos Estados Unidos e, em seguida, se desvincular de vez do PSDB. Vale lembrar que o momento escolhido por Ciro para deixar o PSDB, a partir da eleição de FHC, é precisamente quando o partido alcança o poder e o ex-presidente, como narra em seu livro, oferece um ministério a Ciro.
Mesmo assim, Ciro opta por sair do poderoso partido que comanda o governo federal para se juntar em 1997 ao PPS, Partido Popular Socialista, que tinha então apenas dois deputados. Neste período Ciro trabalhou para levar ao crivo das urnas, pelo PPS, seu projeto nacional e popular. Foram duas eleições pelo partido, uma em 1998 e outra em 2002. No segundo turno de 2002, Ciro decidiu apoiar Lula contra a José Serra, que representava a mesma agenda neoliberal de FHC, enquanto o líder petista era então uma promessa.
O apoio e depois o aceite em fazer parte do governo Lula, como ministro da Integração Nacional responsável pelo projeto de transposição do Rio São Francisco, causaram desgaste com a liderança partidária do PPS, que iria para a oposição do governo. O pequeno partido de 1997 havia se transformado num sigla significativa, com 23 deputados e 2 governadores.
Para manter a coerência com o projeto que havia levado duas vezes a disputar a presidência, Ciro resolve sair do PPS e em 2005 se filia ao PSB. Anos depois, quando Eduardo Campos resolve que, mesmo depois de ser base do governo durante tantos anos, o partido iria para oposição para que ele pudesse disputar a eleição contra o PT em 2014, Ciro condena sua atitude e deixa o partido.
Em 2014, Ciro se filia ao PROS, onde não esquentou a cadeira. Denúncias de malversação do fundo partidário fazem com que o ex-governador deixe quase imeditamente o partido. Em 2015, procurado por Carlos Lupi para que integrasse o PDT (Partido Democrático Trabalhista), Ciro tem a oportunidade que sempre perseguiu: um partido com compromisso popular histórico e a chance de propor novamente um projeto para o Brasil, amadurecido em tantos anos de experiência e estudo, o Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Nos últimos cinco anos, milhares de jovens militantes e milhões de votos depois, Ciro luta constatemente para fazer chegar a população este projeto com ideia, exemplo e militância.
Veja este resumo feito pela página Cirão Guerreiro:
Ciro Gomes troca de partido