Em entrevista ao Jornal O Globo, nesta sexta-feira, a ex-candidata à vice presidência da República pelo PCdoB, Manuela D’ávila, teceu elogios e expôs o que pensa da atuação de Ciro Gomes nas eleições de 2018 e sobre o papel desempenhado pelo pedetista frente à derrota da chapa petista.
Diferente da linha adotada por alguns setores do PT, que condenam Ciro pela falta de participação, Manu foi bastante compreensível e não tratou de apontar dedos a ninguém na tentativa de distribuir culpados.
Falando sobre a importância de o campo progressista escutar o recado das ruas, a deputada estadual afirmou que “falar de 2022” ou “disputar hegemonias” agora é não compreender a necessidade de união pela garantia de liberdades individuais e o resguardo da Constituição.
“Ciro teve uma participação brilhante no primeiro turno”
Perguntada sobre Ciro ter contribuído com a derrota de Fernando Haddad, ex-candidato petista à presidência da República na chapa de Manuela, ela respondeu:
“O Ciro teve uma participação brilhante no primeiro turno e ele foi quem viabilizou também, com seu elevado percentual de votos, o segundo turno. Ciro não contribuiu para nossa derrota. Ele contribuiu para a existência do segundo turno com a campanha que fez até o último dia em alta intensidade. Ele cometeu um equívoco em não se envolver no segundo turno.”
Manuela também elogiou a atuação virtual e espontânea que a campanha de Ciro recebeu de apoio nas redes sociais, em contraposição ao tempo de TV que outras candidaturas tinham.
“O Ciro teve uma internet exemplar. Teve pouquíssimo tempo de TV, mas, mesmo assim, conseguia reverberar suas ideias. Ele não tinha essa guerrilha do submundo, da baixaria, dos milhões de reais que financiam os boatos.”
A ex-candidata ainda lamentou que uma “Frente Ampla” não tenha sido construída antes e tratou essa ação como uma que deveria ter sido feita antes para assegurar a vitória do campo progressista e o fato de a chapa não ter ido às ruas mais cedo do que foi no segundo turno.
Manuela D’ávila é do PCdoB, um dos partidos que vem articulando uma frente de oposição democrática ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, do PSL. A frente democrática de oposição, até agora, contou com reuniões e articulações do PSB, do PCdoB e do PDT e não quer hegemonias comandando o bloco, que vem para inaugurar um novo polo de oposição.