Entre um médico com anos de experiência, com vários cursos de especialização ou um jovem fazendo residência, quem você escolheria para atendê-lo? Entre um advogado com centenas de processos de sucesso ou o estagiário do escritório, qual queria para defender sua causa? As respostas parecem óbvias, não é mesmo?
Então, para liderar um país não seria ideal alguém com experiência no legislativo estadual e federal, no executivo municipal, estadual e federal, além de formação intelectual sólida? Com a visão de um projeto nacional de desenvolvimento publicada em livros, e os mais diversos prêmios pelo trabalho desenvolvido em mais de quatro décadas de uma vida pública limpa?
Esta pessoa existe. É Ciro Ferreira Gomes. Nascido em Pindamonhangaba (SP) em 6 de novembro de 1957, Ciro fez toda sua vida pessoal e política a partir do Ceará, entre Sobral e Fortaleza. Aqui escrevemos mais detalhes sobre todo seu histórico de vida e sua vasta experiência, que o chancelam para liderar a nação.
Formado em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC), no fim da década de 1970, Ciro Gomes teve suas primeiras experiências políticas ainda no movimento estudantil, participando da reorganização da União Nacional dos Estudantes (UNE), e na administração pública, como estagiário selecionado do Banco do Nordeste.
Das bancas da UFC, partiu para seu primeiro cargo público, como procurador da Prefeitura de Sobral, não sem perder sua conexão com o meio acadêmico como seria a tônica da sua vida. Por dois anos exerceu a função de professor de Estudos e Problemas Brasileiros, Finanças Públicas e Direito Tributário da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Foi ainda professor de Direito Constitucional e Direito Tributário na Universidade de Fortaleza (UNIFOR) no fim daquela década. Ciro então decidiu partir para a vida pública.
DEPUTADO
Concorreria ao cargo de deputado estadual, que assumiria no ano seguinte. Desde o início do seu mandato na Assembleia Legislativa do Ceará chamaria a atenção pelos seus discursos sobre as questões nacionais, desenvolvimento econômico e democracia – a ditadura militar seria encerrada apenas em 1985. Tal performance levaria Ciro para dentro do movimento de transformação do estado nordestino, a partir das lideranças do Centro Industrial do Ceará (CIC), que tinha então em Tarso Jereissati seu principal nome. Ainda no seu primeiro mandato exerceria papel importante no movimento das Diretas Já, e da eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.
Na eleição seguinte, Ciro renovaria seu mandato e apoiaria Tasso para o comando do Ceará, tornando-se líder do governo na Assembleia. Sua forte defesa das medidas do executivo estadual, em especial o conserto das contas públicas, credenciou-o para concorrer ao cargo de prefeito de Fortaleza, como o mais jovem da história da capital cearense.
PREFEITO
Eleito para o comando da capital, Ciro Gomes encarou o desafio de reformar uma cidade que se encontrava com praticamente todos os serviços públicos com deficiências primárias de funcionamento. Coleta de lixo irregular, salários atrasados, falta de atendimento básico de saúde.
Tudo isso foi consertado em tempo recorde e em um ano o maior índice de aprovação entre todos os líderes de capitais brasileiras, mostrando que o trabalho todo beneficiou diretamente a população. Segundo o Datafolha, 77% dos fortalezenses consideravam a gestão de Ciro Gomes como ótima/boa. Foi então escolhido governador do estado do Ceará. Novamente o mais novo da história.
GOVERNADOR
O passo à frente foi rumo ao Governo do Estado. Em março de 1991, Ciro assumiria o comando do executivo do Ceará com a missão de aprofundar as mudanças iniciadas por Tasso e lançar as bases de desenvolvimento para o que seria a partir daqueles anos um novo estado, com um crescimento inédito da economia, a criação do pacto de cooperação que lançou o Ceará para o turismo e a formação do Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar.
Apostou no incentivo aos pequenos empreendedores do estado, gerando emprego e renda para o povo cearense, além de continuar reduzindo o tamanho máquina administrativa e consertando as contas públicas tanto pelo lado do combate aos sonegadores como o aumento da arrecadação para os cofres públicos cobrando de quem ganha mais.
A boa gestão na saúde e na educação – hoje o Ceará tem a melhor rede de educação pública do país, com o trabalho continuado pelos governos apoiados por Ciro – mantiveram sua aprovação popular. Depois de ser o prefeito mais bem avaliado do país, chegou ao posto de governador com melhor aprovação do Brasil durante praticamente todo o mandato, chegando a 74% de aprovação no estado.
Durante os anos de gestão, o Ceará encarou uma seca de longo prazo. A falta de chuvas para abastecer o açude do Orós pressionava o abastecimento da capital, que estava preste a colapsar. A solução veio de um esforço imenso liderado pelo governador Ciro Gomes, que resultou no Canal do Trabalhador. No tempo recorde de três meses, a equipe coordenada por Ciro construiu o canal de mais de 100 km para captar água do rio Jaguaribe e garantindo o abastecimento para Fortaleza e os municípios da Região Metropolitana.
A obra foi possível, para além do grande esforço de engenharia em várias frentes de trabalho, também pela saúde financeira do Governo do Estado, que bancou 60% do investimento.
A recompensa pela gestão de mudanças e desenvolvimento veio não só da grande aprovação do povo cearense. A UNICEF escolheu, em 1993, pela primeira vez um governante latino-americano para receber o Prêmio Maurice Paté pela diminuição da taxa de mortalidade infantil, resultado do Programa Viva Criança. Ciro foi até o plenário das Nações Unidas, em Nova York, para receber a honraria ao lado do seu antecessor Tasso Jereissati, que lançou o programa. De Sobral para o mundo.
ECONOMIA
Ciro deixou o Governo do Estado já nos últimos meses do mandato, recusando a pensão que tinha direito assim como fez com as outras duas que teria direito como ex-prefeito e ex-deputado. O destino seria Brasília no Distrito Federal. A convite do presidente Itamar Franco, ele assumiria o destino da economia do país. Ciro foi um dos únicos Ministros da Fazenda da história do Brasil que não veio do setor financeiro. No comando do Ministério da Fazenda o objetivo seria consolidar o Plano Real, o qual o próprio Ciro já tinha ajudado a formular e que passava por ameaças políticas de naufragar.
Em setembro de 1994, Ciro assume o Ministério da Fazenda. Na sua gestão, o Brasil alcançou o maior superávit da série histórica, alcançando mais de 5% do PIB. Ainda promoveu grandes mudanças no modelo tributário brasileiro para encarar o hiato de produção da indústria, cortando a tarifa de importação de centenas de produtos, criou a participação nos lucros e resultados de empresas e a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), além de impor a cobrança de imposto em lucros e dividendos.
Enquanto ministro, ainda assinou o Protocolo de Ouro Preto, que estabeleceu as bases legais para o reconhecimento da criação do Mercosul, ao lado de Argentina, Uruguai e Paraguai.
POLÍTICA NACIONAL
Após todo esse caminho traçado, Ciro resolve recolher-se para aprofundar suas ideias para o Brasil. Aproximando-se do professor Roberto Mangabeira Unger, Ciro candidata-se – e é aprovado – para duas vagas na Universidade de Harvard: pesquisador visitante na escola de direito (Harvard Law School) e associado no Centro de Assuntos Internacionais (Center for International Affairs). Depois de ser aceito para ambos, ele optou pela escola de direito, onde passou dois anos.
Dos estudos sairia o livro, em parceria com Mangabeira Unger, “O Próximo Passo – Uma Alternativa Prática ao Neoliberalismo”, que condensava um grande plano para a retomada do desenvolvimento do Brasil. Ao lado de “Um Desafio Chamado Brasil”, lançado em 2002, e “No País dos Conflitos”, de 1994, na lista de publicações de Ciro Gomes.
Em 1998, Ciro Gomes lançaria sua primeira candidatura à Presidência da República, alcançando a terceira posição. O resultado repetiu-se quatro anos depois, no qual Lula seria eleito. Durante o primeiro mandato do petista, Ciro buscou repetir a experiência exitosa do Canal do Trabalhador ao comandar o esforço para tirar do papel a transposição do rio São Francisco, uma demanda histórica do Nordeste, na condição de ministro da Integração Nacional.
Sairia da Esplanada para o Congresso Nacional como o deputado federal mais votado do país em termos proporcionais. Por quatro anos Ciro Gomes foi um dos mais importantes congressistas do país na condução de debates sobre projetos de desenvolvimento econômico, incluindo a modelagem de exploração e produção de petróleo do pré-sal.
Voltaria à vida pública em 2013 como secretário de saúde. Foi o responsável por implantar no governo de Cid Gomes uma grande rede de saúde pública pelo interior do Ceará, deixando o cargo em janeiro de 2015.
No mês seguinte entraria para a iniciativa privada. Contratado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), assumiria a diretoria da Transnordestina Logística S/A com o objetivo de concluir a ferrovia que ligaria o Porto de Pecém, no Ceará, ao Porto de Suape, em Pernambuco.
LUTA PELA DEMOCRACIA
O trabalho é interrompido pela iminência do golpe contra a presidente Dilma Rousseff. Ciro deixa o trabalho administrativo e resolve voltar às ruas para enfrentar o embate político, denunciando as figuras que comandavam o golpe, em especial o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Chegou a ser escalado como testemunha da presidente no julgamento no Senado Federal, mas foi impedido de falar.
Já filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), segue na luta realizando centenas de palestras e conferências, construindo uma nova corrente de militância e pensamento no Brasil sintetizada no Plano Nacional de Desenvolvimento. Em 2018, concorre pela terceira vez ao Palácio do Planalto, alcançando mais de 13 milhões de votos.
E como nesses 40 anos, em 2020 não é diferente: Ciro Ferreira Gomes segue na luta, dessa vez enfrentando o fascismo de Jair Bolsonaro e seus asseclas. A luta segue!