No editorial do Estadão desta semana (15/05), Candidato não pode fugir de perguntas difíceis, o jornal alerta para o curtíssimo prazo do período eleitoral, que passou de 45 para 35 dias e a necessidades dos pré-candidatos se adiantarem no posicionamento das questões mais complexas. O editorial destaca o importantíssimo tema da Reforma da Previdência entre os temas sobre os quais os principais pré-candidatos não teriam se posicionado de forma clara quando questionados por O Globo.
Ciro Gomes, que não costuma se furtar a qualquer tipo de questão, já respondeu em diversas entrevistas sobre a questão da previdência. Para Ciro, a reforma tentada pelo governo Michel Temer é injusta e selvagem. Pois, além de não alterar em nada os privilégios (visto que apenas 2% dos beneficiários levam cerca de 30% do orçamento da previdência), pesa com 49 anos de contribuição para obtenção do benefício integral desconsiderando as especificidades regionais, de gênero e de ocupação. E por outro lado, as medidas não representam qualquer tipo de mudança no padrão de financiamento da previdência social, o de repartição que, em médio prazo, mesmo com todas as perversidades aprovadas, faz dela insustentável.
Ciro Gomes foi claro ao responder às perguntas d’O Globo, às quais se refere o Estadão. O ex-ministro afirmou: “Brasil precisa rever seu modelo previdenciário, já que o atual, de repartição, está obsoleto. É fundamental, no entanto, que a reforma que se queira fazer leve em consideração a opinião de todos os atores envolvidos: trabalhadores, empresários, governo e academia. O modelo que tenho colocado para discussão – com centenas de professores, técnicos e trabalhadores que estão me ajudando a debater o tema – é o da capitalização pública. Este modelo, inclusive, é o que está sendo utilizado e estudado em todo o mundo. As regras do novo regime estão em estudo e devem ser apresentadas para debate com toda a população.”
Ciro apresenta assim uma proposta de reforma tão clara quanto possível ao considerar que uma liderança e um governo eleito devem dialogar com todos os atores envolvidos. Além de querer exigir uma proposta unilateral e antidemocrática, o jornal Estadão se furta de formular as questões difíceis quando afirma que “as despesas previdenciárias são o maior item do orçamento” esquecendo-se, contudo, de que o item mais oneroso ao orçamento público são, na verdade, os mais de 50% do total do orçamento destinados ao pagamento de juros e dívidas aos bancos – esta, sim, seria uma despesa importante a ser considerada e exaustivamente questionada pela imprensa.