Para conhecer o pensamento de Ciro Gomes, é preciso recorrer às falas públicas (centenas de horas) que o ex-governador já fez percorrendo o país, sobretudo a partir de 2016. Ciro tem debatido um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento e, junto a economistas e pensadores e importantes (Nelson Marconi, Mangabeira Unger, Mauro Benevides Filho), faz cair por terra as oposições grosseiras que atrapalham a compreensão real sobre o Brasil. Exemplo disso é seu entendimento sobre o papel do Estado e, sobre esse tema, vale ver o que disse o ex-ministro a universitários em evento realizado em 2016, em Santa Catarina. De um estudante da plateia que participava do evento, Ciro Gomes ouviu que o papel dos políticos era o de, infelizmente, criar impostos, ao que respondeu em seguida:
“Papel de político é produzir um Estado que corresponda ao pacto que a sociedade espera dele. Esse papo furado de Estado mínimo é conversa de barão que está com o bucho cheio, ganhando na especulação. O país que eu conheço tem 14 milhões de pessoas sem teto. Nós estamos todos aqui nesse auditório acobertados pela climatização, provavelmente morrerão pessoas nas ruas de São Paulo, de Florianópolis, de Curitiba, de Guarapuava e de Cascavel, eu me sinto um assassino se eu não for uma pessoa que me lembre deles nessa noite de frio.”
Na resposta que desenvolveu no evento, Ciro Gomes seguiu na questão da moradia como exemplo. Para ele, o Estado brasileiro é responsável por isso, pois 14 milhões de moradias representam um investimento pequeno. “O país tem que fazer essas contas: quanto custa um programa com prazo razoável de superação do déficit de moradia para os mais pobres cuja característica é ter renda menor do que três salários mínimos?”, perguntou para destacar que sem subsídios e, portanto, sem o Estado como responsável, essa população estaria condenada a não ter acesso a moradia, infelizmente o que tem sido um sintoma atual da cidadania brasileira.
Sobre a saúde pública como outro eixo que exemplifica o papel do Estado pactuado com o povo, Ciro perguntou: “Qual é a saúde pública mínima que nós temos que garantir sob o ponto de vista de prevenção e de enfrentamento de epidemias? Eu não admito com as riquezas do Brasil que eu conheço com 700 mil casos de malária na amazônia por ano, 600 mil casos de dengue no Brasil por ano e a zyka e chikungunya criando crianças com microcefalia”. Segundo ele, como sociedade, temos que pensar que nossos filhos podem nascer assim porque o Estado brasileiro tem sido impotente para dizimar um mosquito do qual não se houve mais falar em países médios americanos, como México e outros países de economia intermediária.
Ciro lembrou ainda que o Brasil tem fechado leitos hospitalares e hoje tem menos do que há 30 anos. “Há um genocídio contra os pobres do país e é preciso ter alguém para revertê-lo”, disse ele. Outra questão abordada diz respeito à dívida pública: é preciso estruturar formas de lidar com ela, para que não se torne impagável ou insolvente e para que o Brasil não continue gastando a maior parte de todo seu orçamento de riquezas do país apenas com tais despesas. “É preciso desarmar essa bomba”, claro, sem irresponsabilidades, lembrou o ex-ministro.
No momento em que o debate político nacional está tomado pela polarização e pelas questões das perseguições políticas, infelizmente o jornalismo profissionalizado se esquece de construir manchetes e reportagens sobre aquilo que Ciro Gomes e algumas outras lideranças importantes propõem como caminho ao país e, no lugar disso, favorecem matérias e manchetes que sensacionalizam opiniões de Ciro sobre outros políticos e suas expressões formulaicas de linguagem ligadas a sua cultura e costumes. Até quando seguirão as manchetes da mídia e do jornalismo que se julga “desconstruído” nos costumes, mas não produz nenhuma notícia para informar ao povo sobre o projeto de país que tem sido debatido por Ciro Gomes?
A íntegra desse e de outros eventos com Ciro pode ser vista em canais do youtube que fazem essa divulgação. Acesse: