No último dia 23, Ciro Gomes esteve em Recife para almoçar com o vice-presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Além da avaliação do cenário político nacional, os dois trataram da possível aliança entre o PDT e o PSB para as eleições de 2018.
Há mais de um ano, as conversações entre os dois partidos seguem firmes, não só no diretório de Pernambuco, o maior do PSB no país. Em maio do ano passado, ficou famoso um vídeo do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, também do PSB, discursando na solenidade de inauguração da Tranposição do Rio São Francisco. Diante de Michel Temer no palanque, Coutinho fez questão de reconhecer o papel de Ciro Gomes na execução da obra que levou água ao semiárido nordestino.
As andanças de Ciro não têm sido feitas apenas no Nordeste, onde o próprio PDT tem grande força, especialmente no Ceará – é o maior partido do estado com 51 prefeituras, incluindo a capital. Aproveitando seu bom trânsito no PSB, partido em que esteve de 2003 a 2013, sendo pré-candidato à presidência em 2010, Ciro Gomes tem feito contato com lideranças de outras regiões, como é o caso de Minas Gerais.
Sua relação com o PSB mineiro é estreitada pela pré-candidatura de Márcio Lacerda ao governo do estado. Lacerda foi secretário executivo do Ministério da Integração Nacional na gestão Ciro Gomes e lançado por ele na política na disputa da Prefeitura de Belo Horizonte, em 2008. Márcio Lacerda foi prefeito da capital do estado entre 2009 e 2016 e é um grande entusiasta da candidatura de Ciro ao Planalto.
No Distrito Federal, avançam as negociações com o governador do PSB, Rodrigo Rollemberg e, em São Paulo, onde o PSB tem o vice-governador, a disputa interna no partido ganhou novas possibilidades com a entrada do ex-ministro Aldo Rebelo. Vindo do PCdoB, onde militou por 40 anos, Aldo já ocupou diversos cargos, como o de presidente da Câmara dos Deputados e algumas pastas ministeriais, o que lhe dá amplo trânsito no mundo político. Sempre defensor das causas nacionais, teve uma importante passagem pelo Ministério da Defesa, colocando em relevo a necessidade do investimento na área de defesa para manutenção da soberania do país.
No início do mês, Aldo Rebelo lançou sua pré-candidatura à presidência, endereçando uma carta ao presidente do PSB, Carlos Siqueira. Na carta aberta, traça um panorama da situação política atual e propõe uma plataforma nacionalista para saída da crise, muito afinada com as propostas que vêm sendo apresentadas por Ciro Gomes para um futuro programa de governo, o que tem levantado especulações sobre a possibilidade de composição de uma chapa Ciro-Aldo para as eleições.
Em entrevista recente à página Time Ciro Gomes, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, perguntado sobre a possibilidade da chapa, afirmou que “a aliança PDT-PSB não precisa de explicação. Tudo na vida que não precisa de explicação é bom e convence. […] Estamos tentando. Estamos trabalhando. Essa questão do Aldo, é um excelente nome, é um quadro da melhor qualificação, mas não vai depender de nós. Isso aí depende das conversas com o PSB. Realmente se for ele o nome do PSB é excelente! Agora, também não compete à gente decidir o nome de outro partido. Então tudo isso, a gente trabalha, quer, deseja, mas não depende só da gente.”
Se bem-sucedida, essa aliança do PDT com PSB viria concretizar um antigo anseio das siglas lideradas por Leonel Brizola e Miguel Arraes. Dois homens que tiveram não apenas um histórico de vida semelhante, sendo governadores de seus estados e exilados durante a ditadura, mas também sempre tiveram na questão nacional a causa fundamental de suas vidas políticas. Questão Nacional, aliás, é o título de um livro escrito por Arraes em 1973, em seu exílio na Argélia, cujas linhas continuam muito atuais e mostram que essa união do nacionalismo brasileiro deveria ter ocorrido há muitas décadas.