Se confirmada, a união de Ciro Gomes e Kátia Abreu para compor a candidatura à presidência da República representará muito da mediação que precisamos fazer para, neste momento, enfrentar as interdições que não permitem a nosso país se libertar de verdade. Além disso, outro ponto os une: Kátia foi expulsa do PMDB por uma angústia também verbalizada por Ciro Gomes: contra a “quadrilha que tomou conta do poder”.
Nessa construção, a coragem, o enfrentamento, complementaridade de perfis e fidelidade programática a um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento são os principais elementos necessários. Todos essas características são pontos fortes tanto de Ciro como de Kátia.
Dois dos maiores guerreiros na luta contra o golpe de 2016, dois dos mais fiéis operadores políticos na tentativa de salvar a nossa democracia e de evitar a entrega do país para as trevas. Até recentemente Kátia estava dentro do PMDB, lutando ao lado de Roberto Requião contra as políticas entreguistas, antipovo e antipobre do governo de Michel Temer.
Isso é muito simbólico para o nosso atual momento. Kátia Abreu, assim como o Ciro, representa o oposto de Michel Temer. Kátia Abreu foi presidente do Sindicato Rural de Gurupi. Foi a primeira mulher eleita para comandar uma entidade rural na história do Brasil, implementando inclusive projetos sociais, como o Projeto Sindicato no Campo. Foi presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Tocantins e em 1998 foi eleita deputada federal. Como deputada, presidiu a Frente Parlamentar da Agricultura, foi membra da Bancada Feminina no Congresso e também foi da Frente em Defesa da Televisão Pública.
A história de Kátia Abreu vem do setor produtivo. Vem da geração de riquezas para o país. Não vem do financismo, da venda de terras para estrangeiros ou da entrega de riquezas nacionais. Kátia Abreu é uma produtora rural do Brasil profundo. É uma mulher que venceu os preconceitos e conquistou seu espaço na política lutando e produzindo. E depois de décadas nessa luta, mostrou quais são seus valores éticos e morais, defendendo Dilma Roussef até o fim, e mesmo depois do fim, lutando contra o entreguismo antipovo de Michel Temer.
A política é a arte da resolução de conflitos, da mediação e da ponderação. E no Brasil de hoje, onde as elites, as classes médias urbanas, os trabalhadores rurais e os mais pobres estão vivendo realidades absolutamente opostas, isso se aprofunda ainda mais. Precisamos sair desse buraco. Ou aprendemos isso, ou seguiremos construindo mais muros do que pontes.