Declarações recentes, vindas de quadros políticos distintos, sinalizam que vem se consolidando uma visão do centro e da esquerda sobre o protagonismo de Ciro Gomes para 2022.
Em entrevista ao Estadão publicada nesta quinta-feira (18-03), o governador Flávio Dino reiterou sua visão de que deve haver uma união com diferentes quadros políticos nas eleições de 2022. Ao ser perguntado sobre a posição de Ciro nesse contexto, Dino afirma que:
“Eu insisto que é errado excluir o PDT e uma liderança como Ciro Gomes desse processo. Até porque não o vejo como o candidato desse centro [composto por Huck, Mandetta e outros], como o candidato da Faria Lima. O ideal seria buscarmos uma aliança já no primeiro turno.”
Chances de convergência
Sobre as chances de que uma frente entre diversos partidos ocorra, Dino afirmou que “todos os dias temos vistos sinais“. Nas palavras dele:
“Veja o caso aqui do meu vice-governador, Carlos Brandão. Tinha sido obrigado a sair do PSDB por me apoiar e foi convidado agora a voltar e a comandar o partido no Maranhão. Essas alianças já ocorreram nas eleições municipais do ano passado. No Pará, por exemplo, Helder Barbalho (MDB) apoia o governo do PSOL em Belém. Em Fortaleza, Tasso Jereissati (PSDB) apoiou Sarto Nogueira (PDT). No Rio, todos votamos contra a reeleição de Marcelo Crivella (Republicanos). As coisas estão andando”.
Contudo, na visão do governador, ainda existe possibilidade de que seja restaurada a relação de Ciro Gomes com o PT, apesar da polarização planejada pelo Partido dos Trabalhadores atualmente no intuito de afastar Ciro de um possível eleitorado. Levantamento recente divulgado no Portal Disparada mostra que, em apenas 2 anos, Ciro Gomes foi alvo de mais de 70 ataques divulgados por páginas ligadas ao PT.
Ao classificar Ciro Gomes como “mais próximo da esquerda“, entretanto, Flávio Dino se contrapõe a Fernando Haddad, que dias atrás tentou classificar o ex-governador cearense como “candidato da direita”.
Mais elogios a Ciro recentemente
Na semana passada, o deputado federal Orlando Silva, correligionário de Dino no PCdoB, também destacou a contribuição que vem sendo dada por Ciro Gomes, ao comentar sobre o livro “Projeto Nacional – O dever da esperança“:
“A política brasileira virou um deserto de ideias. Agradeço a @CiroGomes por oferecer grande contribuição ao debate acerca da reconstrução do Brasil. Quem quer construir uma saída desse labirinto que entramos, precisa ler“, afirmou o deputado.
Outra sinalização importante veio do dirigente do partido Cidadania, Roberto Freire, que afirmou dialogar com Ciro Gomes e, em sua fala, considerou-o como um candidato avesso à polarização entre Lula e Bolsonaro.
“Para nós do @Cidadania o @CiroGomes está nesse campo contra os populismos de Lula e o extremado e fascista populismo de Bolsonaro“, afirmou Freire.
Além disso, em entrevista desta semana (17-03), também publicada no Estadão, as declarações de Guilherme Boulos expressaram sua vontade de que Ciro Gomes faça parte de uma unidade formada por seu partido, PSOL, junto a outros partidos da esquerda.
Força centrípeta do trabalhista
Ainda que haja diferença entre elas, todas as quatro visões sobre Ciro Gomes são positivas. E, no geral, mostram que o terceiro colocado das últimas eleições já se apresenta com a amplitude política necessária a uma candidatura que conjuga o centro político e quadros da esquerda não sectária em 2022.