As práticas culturais e suas relações com a questão nacional foram elencadas por Ciro Gomes como preocupação fundamental para mudar o Brasil. Sem esquecer todas as propostas sobre o desenvolvimento econômico e humano nas quais é especialista, a visão de Ciro sobre a questão cultural é um diferencial seu, pois na visão de outras lideranças políticas as discussões sobre cultura estão paradas no tempo.
Ciro reconhece que a disseminação de informações e de padrões culturais ao redor do mundo não ficou alheia às desigualdades sócio-econômicas mundiais. Entender isso é ponto crucial. Um país de mais de 200 milhões de pessoas não pode ser encarado apenas como meio de fruição de culturas e mercados dominantes e estrangeiros. Com nossa grandeza, temos todas as capacidades subjetivas para a produção sob nossa cultura e para promover isso.
Hoje em dia, com o Brasil na condição de semi-periferia do capitalismo global, recebemos através de filmes, músicas, moda, dos hábitos de consumo e de alimentação, da literatura, da arquitetura, dos esportes etc padrões culturais de fora que geraram dois resultados: arrefeceram nossa identidade nacional (ou pelo menos a busca por uma) e criaram demandas de consumo e de produção dos quais a economia brasileira não está preparada para dar conta.
Com base nesses padrões culturais recebidos, os brasileiros aspiram comprar produtos, objetos e experiência sociais afastados da realidade simbólica e econômica que vivemos aqui. A longo prazo, conforme essa disparidade se aprofunda, ficamos mais vulneráveis à verdadeira dominação. É por isso que o processo atual precisa ser revertido (o que não significa expulsar outras influências, mas sim estimular e incentivar o que se quer ver crescer).
As discussões sobre a questão nacional já foram muito vivas no país, sobretudo até os anos 80. O passado recente brasileiro mostra que quando se incentiva a produção cultural e, junto disso, a busca pelo fortalecimento de uma identidade cultural brasileira, nosso povo foi capaz de uma produção artística brilhante, na música, no cinema, nas artes de modo geral.
De acordo com a proposta de Ciro, o Ministério da Cultura terá papel essencial a cumprir, realizando não apenas o mecenato (formas de investimento em produções culturais) mas também ações diversas de estímulo e para a afirmação da identidade cultural brasileira.