A desastrada condução do governo Bolsonaro da crise da pandemia do novo coronavírus tem assumido contornos cada vez mais dramáticos. Não bastasse o negacionismo da gravidade da doença (chamada pelo presidente de “gripezinha) ou sua indiferença com mortos pela covid-19 – como demonstra o “e daí?” de Bolsonaro, o presidente se pauta por um comportamento anti-científico que tem trazido sérias consequências para o país.
Um desses comportamentos tem sido sua insistência em, mesmo sem qualquer formação para tal, receitar o medicamento conhecido como cloroquina. Não vamos nem citar os inúmeros estudos que indicam a falta de eficácia ou os perigosos efeitos colaterais desse medicamento, mas nos ater aos aspectos políticos da questão, para os quais Ciro Gomes vem chamando atenção.
Ciro chama de “aberração” o fato de um político, sobretudo o presidente, estar prescrevendo medicamentos, o que torna política uma questão de pesquisa médico-científica. Como Ciro alerta, é urgente tirar este tema do campo do debate político. Nas palavras do ex-ministro: “Gente querida, onde já se viu discussão política sobre remédio? Usemos nossa inteligência! Quem sabe se remedio é próprio, se é perigoso, se cura, se ajuda ou atrapalha, são médicos e cientistas que estudaram pra isso! Político recomendar remédio é uma aberração inexplicável!”
Mas será que o comportamento de Bolsonaro é orientado apenas pelo despreparo e por sua vassalagem ao presidente norte-americano Donald Trump? A questão da cloroquina, que o presidente quer que seja uma espécie de “protocolo padrão” para doentes de covid-19, já custou ao governo pelo menos duas grandes crises políticas na demissão de dois ministros da Saúde, contrários a implementação deste protocolo.
Como também alertou Ciro, há indícios de outras motivações que fizeram do presidente brasileiro o “garoto-propaganda” do tal medicamento, mesmo depois de Trump ter abandonado a ideia: “Aqui está a explicação para a teimosia de Jair Bolsonaro em “receitar” o remédio à força: CORRUPÇÃO! Leiam, vejam se isto dá sentido a esta conduta absurda e criminosa de Bolsonaro e ajudem a denunciar!”
Ciro se referia a uma matéria veiculada pela revista Carta Capital que traz a informação da associação de Bolsonaro é um empresário do ramo farmacêutico que detém autorização para a fabricação da cloroquina e, mais gravemente, a tentativa do presidente em se livrar do excedente (e da responsabilidade) de ter colocado o exército para produzir com dinheiro público quantidades imensas deste medicamento que não terão condições de demanda de serem escoadas antes de seu vencimento. LEIA AQUI.