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Ciro debate futuro, Alckmin-Haddad disputam paternidade de Temer

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Ciro Gomes participou essa semana do debate promovido pela CNBB e exibido pela TV Aparecida. Nos embates diretos entre candidatos, com interlocutores sorteados, Ciro teve a oportunidade de discutir com Marina Silva sobre suas propostas para saúde. O candidato relembrou sua atuação como secretário de Saúde do Ceará e pautou o programa que irá implantar no atendimento básico de saúde: o pagamento de prêmios para as unidades que alcançarem metas de satisfação do usuário (que fará a avaliação anônima do atendimento), que cumprirem os objetivos de tratamento de doenças crônicas (como diabetes e pressão alta) e sazonais (tais como as epidemias de dengue) e atingirem os índices estabelecidos de atenção materno-infantil.
Quando questionado por Guilherme Boulos sobre o “controle dos meios de mídia”, Ciro teve a oportunidade de explicar que entende que a questão pode ser abordada com o fortalecimento das cooperativas de jornalistas e também das emissoras de rádios e TVs locais, o que democratizaria a produção e o acesso ao conteúdo e o fortalecimento das identidades regionais. Ciro propôs ainda a revogação do modo de distribuição da verba publicitária governamental estabelecida pelo PT, conhecida como “mídia técnica” e que distribui a verba entre as emissoras de acordo com a audiência e, portanto, favorece a hiperconcentração dos recursos no oligopólio. Para Ciro, o capital político do presidente recém eleito não deve ser utilizado pra enfrentar diretamente no congresso a concentração dos meios de mídia, muitos pertencentes aos próprios políticos, mas para o enfrentamento do rentismo e do sistema financeiro.
Ciro e Fernando Haddad discutiram sobre a necessidade de uma reforma tributária e fiscal. O ex-prefeito de São Paulo falou sobre a possibilidade de cobrar impostos dos mais ricos e rearranjar a carga tributária de forma progressiva. Entretanto, em sua tréplica, Ciro perguntou ao adversário por que, depois de 14 anos de governo, o povo deveria confiar que finalmente um representante do PT finalmente faria tais reformas. Ancorado na história, Ciro lembrou que quando foi ministro da Fazenda, em 1994, o Brasil cobrava imposto sobre lucros e dividendos, que foi revogado no governo Fernando Henrique, e jamais proposto novamente. A proposta de reforma de Ciro compreende a desoneração do consumo popular e, em contrapartida, a cobrança sobre lucros e dividendos empresariais, o aumento progressivo da alíquota de impostos sobre grandes heranças (que hoje é limitada a 8%), e a revisão dos mais de 380 bilhões anuais de desonerações fiscais que foram concedidas nos últimos anos.
Enquanto os debates com Ciro foram focados em projetos e num novo futuro para o país, alguns candidatos se voltaram para acertos de contas e trocas de acusações. A entrada do candidato do PT, Fernando Haddad, que participou de seu primeiro debate presidencial, realocou as forças de Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles e Álvaro Dias, a pauta passou a ser os supostos erros e os escândalos de corrupção envolvendo, de um lado, os governos tucanos e, de outro, os governos petistas. Além disso, o empurra-empurra de responsabilidade se deu em torno do governo Temer, que é rejeitado por mais 90% da população. Enquanto Alckmin acusava o PT de Fernando Haddad por ter escolhido Michel Temer para a vice presidente, o petista acusava o PSDB de Geraldo Alckmin de ter participativo do golpe parlamentar que derrubou Dilma Rousseff.
A paternidade do governo Temer continuou em aberto… A questão é qual é a urgência para o país: passar os debates atribuindo culpas e responsabilidades (e até crimes) ou discutir o futuro do Brasil.