“Eu sou um doce de coco. Apenas, como você, eu tenho convicções.” Ciro Gomes
A entrevista de Ciro Gomes ao jornalista Reinaldo Azevedo, no programa O É da Coisa, foi pautada em questões complexas da política e institucionalidade brasileira.
Provocativo e alheio a frivolidades comuns para parte da imprensa, Reinaldo levantou as polêmicas de fôlego para o presidenciável. Logo de início, Reinaldo Azevedo arguiu Ciro sobre seu entendimento para uma proposta de reforma política e sobre sua defesa da utilização de plebiscitos e referendos, de eficácia questionada por Reinaldo. Para Ciro, esses recursos, quando bem utilizados, são exercícios democráticos importantes que levam a compreensão da população grandes questões e aliviam o poder de pressão do lobby sobre o legislativo.
Sobre a dificuldade de se fazer uma Reforma Tributária, Ciro Gomes esclareceu para o jornalista que, considerando as graves distorções do sistema tributário brasileiro, há algumas práticas bastante claras que podem ser implementadas em uma reforma e que, aumentam a justiça na cobrança de tributos e incrementam de forma significativa a receita. Como por exemplo, a tributação sobre lucros e dividendos empresariais (que resultariam de 40 a 50 bilhões de reais), o aumento da alíquota de imposto sobre heranças de grandes fortunas (com arrecadação estimada em 40 bilhões de reais) e a revisão das renúncias fiscais que representam cerca de 354 bilhões de reais por ano.
Sobre a questão da dívida pública, juros e amortização, Ciro reafirmou que, do orçamento executado pela União, 51% é destinado a despesas financeiras. E que, considerando que este montante não corresponde somente à especulação financeira e é um assunto que deve ser tratado com seriedade, é possível mudar o perfil da dívida e atenuar essa distorção corrigindo seu fluxo, ou seja, arrecadando mais do que se gasta.
Quando Reinaldo, também crítico aos excessos cometidos pelo poder judiciário no país, abordou o tema da relação entre justiça e política, Ciro reafirmou seu posicionamento que o combate a corrupção deve ser rigoroso, mas que magistrados e Ministério Público não podem ultrapassar suas funções e é preciso reenergizar a política para que as atribuições de cada poder sejam mantidas e a instância representativa da sociedade seja soberana.
Resumindo sua atuação política, Ciro Gomes afirmou: “Eu sou um brasileiro preocupado com o desenvolvimento do Brasil e o meu lado é o do povo.”