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O MARCO ZERO de uma jornada: o 12 de Setembro

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Por Rodrigo Ruperto
A democracia é um dos pilares da sociedade ocidental. É por meio desse regime político, conquistado nas revoluções burguesas do século XVIII e XIX, que foi possível o sufrágio universal e a determinação da soberania popular. No caso brasileiro, a democracia não nasceu de uma revolução popular bem sucedida como no caso europeu mas, por meio de um golpe militar, concedendo poder a uma pequena parcela da população. Fato que tem gerado ao longo da trajetória nacional muitas crises e rupturas institucionais. Hoje, o dever do Brasil é instaurar uma segunda Proclamação da República, na qual a voz frágil da sociedade se torne um rio caudal capaz de corporificar e empoderar as massas para guiar a nação.
O Brasil está em crise e isso não é novidade. Na história nacional houveram muitos momentos de tensão, como ocorrido na semana do 7 de setembro. As forças do atraso sempre tentaram encaminhar o país para a subserviência e prostração ideológica às grandes potências. Nos últimos meses, elas voltaram a atuar com maior empenho para solapar a democracia brasileira. Tentaram galvanizar forças de apoio que lhes restam na sociedade brasileira, como um último suspiro, um ato desesperado, visando à aplicação de um golpe no povo. Observando esse cenário, Ciro Gomes posicionou-se de maneira serena ao conclamar que a militância ficassem em casa, pois Bolsonaro desejava instaurar o caos mediante o uso da violência para criar um fato político capaz de aperfeiçoar o golpe. Além disso, dirigiu-se àqueles que iriam às manifestações para tomarem cuidado com a sua vida e de seus familiares no ato, pois o perigo se avizinhava.
Após as manifestações do 7 de setembro, Ciro Gomes passou a refletir em sua live “CiroGames” sobre a necessidade de levantarmos a bandeira do impeachment uma vez que o presidente havia cometido novamente um crime de responsabilidade. Refletiu ainda sobre o fato de as manifestações pró-governo terem sido capazes de “furar a bolha” ainda que tenham demonstrado ampla capacidade de mobilização. Porém, ressaltou sua preocupação com a dificuldade de setores da esquerda em se mobilizarem, sugerindo que uma dos motivos para esse fato seja a maneira que vários setores da sociedade civil foram anestesiados ao longo das últimas duas décadas, perdendo assim, a sua capacidade de mobilização.
No dia seguinte, 8 de setembro, em entrevista para o UOL, Ciro reafirmou um discurso que tem sido constante desde o início da pandemia: a necessidade de uma frente ampla em defesa da democracia. Afirmou, também, que pensaria se deveria comparecer à manifestação “Fora Bolsonaro” do dia 12 de setembro, cujos organizadores são o MBL e o NOVO – que seria mais tarde ratificada em suas redes sociais. A fala de Ciro reverberou largamente nas redes sociais, onde tem se travado nos últimos dias um debate ferrenho sobre: se a esquerda deve aderir ou não à uma manifestação “Fora Bolsonaro” liderada por um grupo que auxiliou na eleição de Jair.
O posicionamento de Ciro nesse sentido é bastante claro e tem guardado coerência com as suas declarações desde a eleição de 2018. Segundo ele, é necessário ser o mais amplo possível para defender a democracia que, nesse pacto poderia incluir todos os democratas, não importando o espectro político que se encontra. A tarefa mais urgente é derrotar o Bolsonaro, e para ela se concretizar é necessário o apoio de todos. Podemos facilmente exemplificar essa postura utilizando exemplos históricos como Stalin e Churchill que, apesar de serem rivais, oriundos de espectros políticos distintos, uniram-se para barrar o avanço do fascismo na Europa. Mas, o exemplo mais simbólico dessa postura na história do Brasil é o apoio de Luís Carlos Prestes, um comunista, ao Getúlio Vargas, um anti-comunista, nas eleições de 1950 para barrar as forças do atraso simbolizada pelo udenista Eduardo Gomes.
A postura de Ciro demonstra, na prática, as concessões necessárias a serem feitas para interrompermos a força do atraso. A manifestação do dia 12 de setembro pode representar o marco zero de uma amplíssima unidade em defesa da democracia, nela já foram confirmadas as presenças de PDT, PSB, PSDB, PV, REDE, CIDADANIA, PCdoB, MBL e o NOVO. É necessário a união para vencer o mal, para que amanhã exista um futuro para lutarmos.
A luta pelo país não se faz impondo uma ideia, mas sim dialogando sobre ela. Ciente disso, Ciro acredita genuinamente que isso só poderá ser feito por meio da celebração de um Plano Nacional de Desenvolvimento, que mediante a contribuição de todos, seja capaz de guiar a nação. A luta pela liberdade não se faz em guetos, e sim, indo em direção ao povo.