Ao que tudo indica, o Senador Cid Gomes, na medida do possível, já não corre risco de vida após o incidente envolvendo uma retroescavadeira e milicianos.
Está internado e seu quadro de recuperação mostra sinais de evolução clínica.
Com a saúde do Senador resguardada, precisamos levar luz ao atentado terrorista das organizações milicianas que estão tomando conta do Ceará e do Brasil.
Sim, milicianos. Não são policiais preocupados com o seu dever de proteger a sociedade.
Prólogo: PM do Ceará negocia com o Governo do estado
Na tarde do dia 13 de fevereiro de 2020, o governador cearense Camilo Santana (PT) anunciou a nova tabela de reestruturação da carreira militar.
A tabela se construiu após três meses da criação de uma comissão dentro do governo para elaborar a proposta de reajuste salarial.
No dia 6 de fevereiro, o governador recebeu uma comissão que reuniu parlamentares e Ministério Público e que fechou um acordo depois de uma semana e três duras reuniões de negociação.
A categoria aceitou. Mas voltou atrás sobre um reajuste de 30% na primeira parcela, exigindo 40%.
O Governo aceitou, incorporando também parte das gratificações variáveis ao fixo, tal qual exigido pela categoria.
O motim dos milicianos
No dia 18 de fevereiro de 2020, um motim encabeçado pelas milícias começou.
Viaturas foram furtadas por homens encapuzados que se apropriaram e danificaram patrimônio do Estado, saindo pelas ruas de forma autoritária entoando um toque de recolher. Mascarados com armas e patrimônio do Estado.
Sequestrando a cidade de Sobral, os homens praticaram crimes militares, passíveis de processo administrativo: arrancaram policiais que estavam trabalhando de suas viaturas pelas ruas, esvaziaram os pneus de viaturas da polícia e saíram pela cidade ordenando o fechamento do comércio.
Semearam o caos e o medo na cidade. Apropriaram-se das forças do Estado e aterrorizaram a sociedade.
Os comerciantes, aterrorizados, não tinham escolha a não ser se esconderem e torcerem para que os sequestradores desistissem de impedir sua atividade.
O Senador e a Retroescavadeira
“Abram suas portas! Mantenha seu espaço aberto que viemos aqui garantir a paz!”
Uma voz conhecida da cidade de Sobral exigia que os comércios fechados fossem abertos.
O mais bem votado Senador da história do Ceará, Cid Gomes (PDT), empunhava um megafone e buscava tranquilizar a população de Sobral, restabelecendo o convívio dos moradores da cidade.
De cima de uma retroescavadeira pilotada e acompanhada de civis caminhando, de carros e motocicletas, Cid cruzou as ruas de Sobral pedindo para que as pessoas se ajudassem e não aceitassem o toque de recolher.
Ao chegar à região central da cidade, o Senador se dirigiu ao quartel do 3° Batalhão de Polícia Militar, em Sobral, junto com a multidão que o acompanhava, desceu da retroescavadeira, e se aproximou dos amotinados.
Pediu paz antes de qualquer coisa. Deixou claro que aquele motim era ilegal e solicitou que os milicianos deixassem o espaço pacificamente.
O Senador deixou claro que queria a ajuda dos motineiros para a liberação da cidade em até cinco minutos. Do contrário, ações seriam tomadas.
Minutos antes, ao chegar ao aeroporto, cercado de centenas de sobralenses, de peito estufado e voz indignada, o Senador ergueu a camiseta e mostrou que estava desarmado e sem colete.
“ ‘Tô aqui desarmado e vou enfrentar quem armado estiver, sob o custo da minha vida! Mas ninguém vai fazer o que esses bandidos estão fazendo aqui em Sobral!”
Tendo sua ordem desrespeitada, o próprio Senador tomou a direção da retroescavadeira e avançou rumo à área militar ocupada pelos policiais.
Seu objetivo em nenhum momento foi invadir, atropelar, ou machucar nenhum dos milicianos e terroristas que estavam levando o caos a Sobral.
O Senador apenas arrancou o portão para romper a barreira de isolamento que os protegia.
Num ato inusitado de pura covardia, total desrespeito às instituições democráticas, ao Estado de direito e à ordem social, dois tiros de arma de fogo foram desferidos contra o peito do Senador.
Com dois tiros no peito, Cid foi levado às pressas ao Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Sobral. Mas aqueles tiros não atingiram apenas o corpo de um homem: atingiram alguém que representa 3.228.533 cearenses.
Um homem que decidiu se levantar contra ilegalidades e abusos de facções criminosas como as que vem sendo homenageadas e fortalecidas pelo grupo familiar do presidente da república.
Atitude tão singular quanto aquela de Leonel de Moura Brizola, governador do Rio Grande do Sul, em 1961, quando ocupou o Palácio do Piratini armando civis e liderando a Campanha da Legalidade, impedindo um golpe.
A comparação soa mais apropriada quando consideramos que o presidente Jair Bolsonaro não goza de vasta popularidade no nordeste e seria visto, acompanhado de Sérgio Moro, como um “herói” caso conseguisse restaurar a ordem “domando” o motim dos PMs.
“Coincidentemente”, Capitão Wagner (PROS), adversário político dos Ferreira Gomes e aliado de Jair Bolsonaro, não só já protagonizou episódios semelhantes no ano de 2012 como se prepara para ir ao Ceará “mediar a crise” enquanto pré-candidato à prefeitura de Fortaleza.
A necessidade de subir na retroescavadora
Essa atrocidade e outras que se replicam Brasil afora não são coincidência: o protofascismo, a truculência, o descaso para com as instituições estão nas ruas.
Ciro Gomes, irmão de Cid, já declarou, munido do conhecimento que detém graças à posição de ex-governador do Ceará: “todo mundo sabe que o Flávio Bolsonaro é miliciano”. Ciro já foi enfático: “na defesa da democracia, vamos tacar fogo na rua”.
E coube a um Senador cearense pautar o tom adequado para a reação às trevas que tentam tomar as ruas.
Subir em uma retroescavadeira e, de peito aberto e mente sã, desafiar o discurso belicista dos que se apropria da máquina estatal.
O Brasil não será governado nem se curvará àqueles que querem impôr suas vontades através da força e não do respeito à ordem democrática e às instituições.
Os brasileiros e as brasileiras de bem não aceitarão a imposição de uma agenda que esmague e desrespeite as diferenças e o direito à pluralidade de pensamento, muito menos uma agenda violenta e retrógrada que representa o mais vil crime organizado do Rio de Janeiro: um que sequestra as estruturas do Estado.
Graças a Deus, ao que tudo indica, o Senador está evoluindo clinicamente.
Os milicianos, logo após a covardia, decidiram fugir do quartel que ocupavam e aparentemente se desmobilizaram.
Resta, porém, sabermos se estamos preparados.
Preparados para um levante contra o abuso e o arbítrio.
Resta saber quem está pronto para subir na retroescavadeira e enfrentar a aliança entre uma elite antinacional e os milicianos, estes sim, verdadeiramente parasitas.
“Nossos caminhos são pacíficos, nossos métodos democráticos, mas se nos intentam impedir só Deus sabe nossa obstinação.” – Leonel Brizola