É de comum acordo que as eleições do ano passado contaram com a inédita participação das redes sociais, como vem ocorrendo com várias democracias mundo afora. Do que pouco se fala é da quantidade de fraude e caixa 2 que acompanhou tal processo.
Desde o ano passado, Ciro Gomes e outras figuras públicas têm denunciado essa interferência clandestina no processo eleitoral.
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) soltou uma nota de repúdio a respeito do que considerou “acusações genéricas e sem comprovação contra judeus” vindas de Ciro Gomes quando o próprio tratou deste assunto.
A fala referida pela Conib é uma na qual o pedetista acusa empresas corruptas de financiarem ilegalmente disparos clandestinos de mensagem via WhatsApp durante as eleições presidenciais de 2018, falando sobre a mencionada interferência ilegal no processo eleitoral.
Ciro Gomes já vivenciou controvérsia parecida alguns meses atrás por falar do mesmo assunto.
O Caixa 2 do PSL
Perguntado por um repórter da Folha de São Paulo acerca do que pensava sobre a possibilidade de a campanha de Bolsonaro em 2018 ter sido financiada com dinheiro desviado das candidaturas femininas, Ciro disse que isso era “um trocado minúsculo” perto do “verdadeiro Caixa 2 de Bolsonaro”.
O PSL, partido do Presidente, é investigado por fraudes envolvendo candidaturas laranja. O atual Ministro do Turismo foi recentemente vinculado ao escândalo.
O Caixa 2 de Bolsonaro
“Nossa justiça sequer está apetrechada para compreender”, afirmou Ciro sobre a ilicitude em questão: um financiamento ilegal de disparos de mensagens via WhatsApp em benefício de um ou outro candidato.
“O Bolsonaro tinha 5,5 milhões impulsionamentos via WhatsApp a partir de estruturas informáticas da Espanha e pagos por empresas corruptas de Israel, dos EUA e da própria Espanha, organizados por Steve Bannon. O Facebook inclusive baniu várias empresas que estavam fazendo Caixa 2 pesados, em bilhões de euros…”
O ex-governador do Ceará afirmou que a imprensa e a sociedade deveriam “ajudar a Justiça a ver o verdadeiro Caixa 2 que fraudou as eleições brasileiras”, ressalvando que o esquema de laranjas do PSL era também problemático, apesar de minúsculo comparativamente.
Você pode conferir no Tweet reproduzido abaixo:
Steve Bannon e as empresas corruptas
Steve Bannon é uma figura política a quem se atribui importante papel na organização e construção de movimentos nacionalistas de ultradireita que dão as caras mundo afora.
Bannon é constantemente associado a escândalos envolvendo redes sociais e acontecimentos políticos, como a eleição do presidente dos EUA, Donald Trump, ou o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit.
Ambas ocasiões, envolvendo o Facebook e a Cambridge Analytica, organizações que protagonizaram tais escândalos, tem suas digitais.
Bolsonaro, Bannon, as empresas corruptas e seu Caixa 2
Ciro Gomes menciona “empresas corruptas” localizadas em três países e financiadas por pessoas domiciliadas neles: Espanha, Israel e Estados Unidos.
Não é a primeira vez que Ciro faz tais acusações. O pedetista compartilhou uma série de publicações em seu perfil pessoal no Facebook que sustentam essas afirmações nos últimos dias.
É importante lembrar, como remete Ciro Gomes, que o Facebook recentemente baniu um grande número de contas falsas baseadas em Israel que serviam ao propósito de deturpar processos eleitorais.
A atuação das contas falsas foi rastreada na América Latina, em países da Ásia e África.
A Reuters afirma que pelo menos US$ 812.000,00 foram pagos em Reais em publicidades brasileiras para essas contas. Isso equivale a R$ 3.327.819,60 em valores correntes, apesar de que a primeira transação tenha ocorrido em 2012 e a última em abril de 2019.
“Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios maciços de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, afirmou Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, em uma palestra no Festival Gabo, evento sobre jornalismo sediado em Medellín.
Portanto, atesta-se uma deturpação do processo eleitoral de 2018 devido à interferência direta e estrangeira. Toda forma de financiamento de campanha deve ser declarada ao TSE, o que não ocorreu com tais disparos clandestinos e milionários.
Há ainda que se dar atenção à denúncia de que empresas brasileiras contrataram serviços espanhóis em massa para o disparo de mensagens.
Empresas de todo o tipo teriam fechado acordos no valor de até R$ 12.000.000,00 para financiar disparos de apoio ao candidato Jair Bolsonaro, afirma o EL PAÍS.
O PT, partido segundo colocado nas eleições presidenciais de 2018, também é suspeito, segundo a matéria, de usar o mesmo expediente.
Não é errado questionar se as declarações proferidas por Ciro Gomes realmente contêm acusações genéricas e sem comprovação, ou ainda se são “contra judeus”.