O Brasil alcançou a triste marca de 100 mil vítimas do coronavírus tornando-se o segundo país no mundo com mais mortes decorrentes da Covid-19. O país registrou mil mortes em um só dia pela primeira vez em meados de maio e desde então a média não cai. É como se a cada dia ocorressem diversos desastres aéreos no país ao mesmo tempo.
Apenas 324 dos 5570 municípios brasileiros têm mais do que 100 mil habitantes!
São 100 mil vidas perdidas no Brasil, enquanto o restante da América do Sul, com praticamente a mesma população (210 milhões no Brasil x 219 milhões nos demais países) chegou a 54 mil mortes.
Isso tudo por conta da inoperância do governo Jair Bolsonaro, que joga contra o seu próprio povo desde o começo da crise.
Mas e se fosse o Ciro, o que poderia ser diferente?
Desde meados de março, quando o Brasil tinha menos de dois mil casos e 50 mortes, Ciro Gomes apontou as ações para enfrentar a crise sanitária e econômica que agora, quase cinco meses depois, ainda assola o país.
As propostas seguiam as recomendações da Organização Mundial de Saúde: isolamento social severo (lockdown), testagem em massa, aquisição de equipamentos de proteção para os trabalhadores essenciais, hospitais de campanha, importação de respiradores e fármacos.
Além disso, a criação de um plano de renda básica, com envio dos cartões de débito para a casa das pessoas, e medidas de socorro para as empresas, com objetivo final da manutenção de empregos.
Seria necessário ainda um esforço para reconversão industrial que pudesse produzir materiais no Brasil, evitando a dependência de importação de diversos equipamentos, desde coisas básicas como máscaras e aventais, até os respiradores.
Por meses, em lives e entrevistas, Ciro repetiu a apresentação desse planejamento para proteger a população brasileira da Covid-19, mostrando que não há separação entre cuidar da saúde e da economia. Um plano que exigia coordenação estratégica entre Governo Federal, estados e municípios.
E Jair Bolsonaro resolveu fazer justamente o contrário: atuou diretamente contra o isolamento, defendeu o uso de remédios sem eficácia comprovada, propôs auxílio emergencial de apenas R$ 200, promoveu aglomerações, criou atritos com governadores, prefeitos e dois ministros da Saúde, além de deixar o ministério nas mãos de um general e mais duas dezenas de oficiais do Exército sem experiência alguma de gestão na área por praticamente três meses e das declarações de desprezo aos mortos que se acumulavam por todo o país ao longo dos últimos cinco meses.
A desculpa seria de que estaria salvando a economia. Mais uma mentira. Se por um lado o Ministério da Saúde gastou menos do que um terço do dinheiro disponível para enfrentar a pandemia, o Ministério da Economia não fez papel melhor, pois até meados de julho também pagou só um terço do programa emergencial para manutenção dos empregos, além da dificuldade dos empresários em acessarem as linhas de crédito criadas durante a pandemia.
Resultado: 9 milhões de postos de trabalho perdidos em apenas três meses, o menor número da história de brasileiros trabalhando e a maior taxa de subutilização da força de trabalho. Um desastre que tem tudo para ter capítulos ainda mais sombrios nos próximos meses.
A experiência internacional mostrou que é possível enfrentar a pandemia salvando vidas, um caminho diferente do tomado por Jair Bolsonaro, que resultou na morte de mais de 100 mil brasileiros e uma crise econômica sem precedentes.
Poderiam ser ainda mais brasileiros mortos até agora, não fosse uma decisão do Supremo Tribunal Federal, a pedido do PDT, que garantiu a autonomia de prefeitos e governadores para ações contra o coronavírus. A ação judicial apresentada pelo partido de Ciro deu condições para que os gestores estaduais e municipais não fossem levados a reboque pela irresponsabilidade do Palácio do Planalto.
E a luta nunca pode parar. Uma denúncia por crime contra a humanidade, feita pelo PDT, a respeito gestão de Bolsonaro durante a pandemia está sob análise do Tribunal Penal Internacional.
Perdemos muito, mas ainda é possível sair dessa, apelando para a sensatez, lembrando dos milhões de infectados, dos mortos e de seus familiares, voltando a buscar uma união entre a população, para impedir a disseminação do vírus e cobrar dos gestores a solução.