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Ciro em Lisboa: nossa Bolsa de Valores é um cassino. Marcado por fraude.

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No dia 26 de março, o terceiro colocado nas eleições presidenciais de 2018, Ciro Gomes (PDT-CE), esteve em Lisboa, Portugal, para uma aula-palestra na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Na última parte de sua entrevista, os temas abordados foram uma problematização relativa ao desenho institucional do país e à bolsa de valores nacional.
A aula-palestra foi organizada pelo NELB (Núcleo de Estudo Luso Brasileiro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa) por meio da sua Presidente Elizabeth Lima (advogada e mestranda em Portugal na FDUL).
Na última pergunta que lhe foi feita durante a entrevista que antecedeu a palestra, Ciro respondeu o que faria para resolver os impasses do presidencialismo.

Redesenho do pacto federativo: possível solução para contradições do Parlamento

CIRO GOMES: E isso tem que ser corrigido como?
Com um redesenho do pacto federativo. Você tem que, entre a eleição e a posse: primeiro, propor as ideias antes, como fiz. De maneira que você estabelece um certo conteúdo plebiscitário e não meramente a disputa superficial de frivolidades morais ou de identitarismos toscos que demarcaram o debate no Brasil. Discutir o assunto e obter do povo o apoio não para sua personalidade mas para sua plataforma e seu conjunto de valores. Isso tem uma força muito grande.
Segundo, propor na primeira hora. Existe um hiato aí em que a força plebiscitária do presidencialismo permite ao presidente na primeira hora ter muita força. Essa força é decadente ao longo do tempo. Como nós vamos examinar com o Bolsonaro, só que nunca houve tal decadência em tal velocidade, que aqui é agravada pela estúpida imbecilidade do presidente da republica.
Imbecil é uma palavra portuguesa que ta no dicionário, não é um palavrão. É uma pessoa desprovida de qualquer capacidade mínima de raciocínio lógico. É um tolo, basicamente. Um menino de 13 anos que imagina governar um país de 206 milhões de habitantes no olho do furacão pelo twitter. Isso é absolutamente chocante pra mim dizer mas é necessário que se diga.
Em terceiro lugar, para além de propor antes, propor na primeira hora, fazer uma negociação de atacado via partidos políticos e governadores e prefeitos.
Os estados brasileiros têm uma autonomia muito grande mas estão, por regra, falidos. São coisas graves. O Rio de Janeiro está falido. Minas Gerias está falida. O Rio Grande do Sul está falido. O Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Goiás… 17 dos 27 estados brasileiros estão ilíquidos. E a União tem condição de fazer uma reestruturação dessa iliquidez em troca de um redesenho do pacto fiscal.
E esse redesenho do pacto fiscal no caso brasileiro pode perfeitamente ser feito contra uma minoria ínfima de interesses.

Bolsa de valores, 1% do eleitorado e Ciro 2022?

CIRO GOMES: Menos de 1% do eleitorado seria atingido se nós cobrássemos tributo mais progressivo sobre grandes heranças; menos de 1% do eleitorado seria atingido se cobrássemos, em linha com a melhor prática internacional, um tributo sobre lucros e dividendos empresariais.
E se nós produzíssemos um modelo de capitalização com a previdência pública vinculando este acervo de poupança ao investimento produtivo porque o Brasil não tem mercado de capitais. A nossa bolsa de valores é um cassino. Não raras vezes marcado pela fraude.
Só pra vocês terem uma ideia, em 2014 o Brasil estava a 4% de desempregocrescendo a 4% ao ano e a bolsa de valores estava em 44.000 pontos.
Hoje, o Brasil está com o maior desemprego da história, a maior inadimplência da história, o maior colapso fiscal da história sob o ponto de vista patrimonial e fluxo de déficit primário, o desemprego aberto, 13 mil indústiras fecharam nos últimos 3 anos,220 mil casas de comércio fecharam nos últimos 3 anos e a bolsa de valores está em 100.000 pontos. Revelando o absoluto descolamento deste cassino da vida real dentro da economia.
REPÓRTER: Podemos contar com sua candidatura nas próximas presidenciais?
CIRO GOMES: Vou pensar 100 vezes mas me mantenho lutando, atualizado e estudando. Vou ajudar o Brasil a sair dessa. Não sei qual é meu papel, mas vou.

A relação com o Congresso Nacional e o Parlamentarismo de Sarney

Antes de chegar a esse raciocínio, Ciro foi perguntado sobre a relação implodida entre Executivo e Legislativo. Perguntado sobre como governaria caso tivesse sido eleito, traçou um diagnóstico da situação nacional desde 1989 e como deve ser compreendido o Parlamento. Leia a íntegra clicando aqui.

O Presidente, o golpe de 1964 e as “coincidências” envolvendo milícias

Perguntado sobre o que pensa acerca das celebrações do golpe de 1964 defendidas pelo Presidente Jair Bolsonaro, Ciro respondeu que pensa ser uma forma de dar coesão ao eleitorado saudoso da ditadura militar do Presidente e que o número de problemas enfrentados pelo Brasil hoje não permite semelhantes malabarismos. Leia a íntegra clicando aqui.