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Ciro Gomes em São Borja – 14 anos sem Brizola e um sonho intenso de Brasil

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Ciro Gomes esteve hoje na Câmara Municipal de São Borja (RS) participando da sessão solene em homenagem a Leonel Brizola. Nesta quinta-feira (21/06) completam-se 14 anos sem essa importante liderança para o brasileiros, falecido em 2004, aos 82 anos de idade.

Ciro Gomes discursa em sessão de homenagem a Brizola na Câmara Municipal de São Borja.

Em discurso durante a sessão, o pré-candidato prestou sua homenagem destacando dois pontos: disse que sociedades amadurecidas costumam prantear seus falecidos por duas razões, uma delas generosa e outra até mesmo egoísta: respectivamente, por gratidão ao que lideranças como Brizola foram capazes de construir e também simplesmente porque é necessário extrair deles um exemplo para o futuro.
Ciro fez questão de apontar que é necessário fazer justiça a Brizola como um desbravador, um audacioso, único brasileiro a governar dois diferentes estados da federação, Rio Grande do Sul (entre 1959-1963) e Rio de Janeiro (entre 1991-1994). Essa capacidade de liderar e conduzir foi destacada por Ciro, ao lembrar que, já nos anos em que se elegeu e foi governador no Rio, Brizola conseguiu travar importantes debates e criar projetos extremamente necessários num lugar em que praticamente se monopoliza a informação pública (por meio do conglomerado de mídia e comunicação do Grupo Globo, sediado no estado).
Nascido em Carazinho (RS), Leonel Brizola se casou, viveu e foi sepultado em São Borja, cidade natal dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart. Em referência a tais líderes, Ciro Gomes afirmou que o exemplo de Brizola se dá na sequência do exemplo de Getúlio, que foi ao extremo para proteger os interesses de seu povo, e em sequência ao exemplo de força de Jango, o único a morrer no exílio após o golpe de 1964.
A ligação entre Ciro Gomes e Leonel Brizola data de anos atrás. Em 2002, quando Ciro foi candidato à presidência da República, Brizola o apoiou juntamente com seu partido e a força de sua trajetória. Segundo relatos, àquela época, durante a campanha, Brizola mencionava duas características de Ciro que ainda hoje parecem ser marcantes e que têm impressionado a população brasileira: sua capacidade (em referência à inteligência, ao modo de saber dispor disso para de fato governar) e sua vibração (pela energia, por saber enfrentar os problemas e debater, em sintonia com o sentimento do povo).
Ciro Gomes e Leonel Brizola em 2002.

Ao longo da mobilização que vai sendo construída pelo Brasil por apoio ao novo Projeto Nacional de Desenvolvimento debatido por Ciro Gomes, surgem menções a características de Ciro que se assemelham bastante a características de Leonel Brizola em seu embates por um sonho intenso de um Brasil desenvolvido, com um caminho próprio de oportunidades, como uma nação boa e justa a seu povo.
Recentemente, ao divulgar Ciro Gomes na capa, a revista Carta Capital mencionou que Ciro “se inspira na atuação de Brizola em 1989” quando o ex-governador foi candidato à presidência da República. Na eleição em questão, a candidatura de Brizola não chegou ao segundo turno pois, por um percentual baixíssimo de diferença, Lula foi o segundo mais bem-votado e disputou com Fernando Collor os votos em segundo turno naquele momento -16,51% dos votos para Brizola; 17,18% dos votos para Lula no primeiro turno.
Mas, no segundo turno, houve um gesto histórico de Brizola: durante uma reunião com Lula em que discutiam sobre o segundo turno do processo eleitoral, Brizola dirigiu-se com ele até a janela de seu apartamento e levantou a mão de Lula, indicando o apoio que consolidou forças. O gesto é até hoje lembrado por integrantes de ambos os partidos envolvidos e, no momento em que o ciclo histórico do país parece transicionar para que novas lideranças ganhem espaço, muitos se perguntam se o ex-presidente seria capaz de um gesto histórico com o efeito semelhante ou como retribuição ao que Brizola, com a grandeza de agir em nome do país naquele momento, foi capaz de fazer.
Gleisi Hoffman à frente do painel de Brizola em reunião no PDT nacional neste ano.

No ano em que o país é atingido por medidas que nos inserem num novo tipo de colonialismo, os vídeos de Brizola falando ainda nos anos de 1990 são recuperados com frequência e, assustadoramente, alguns parecem atuais, outros premonitórios.
Fato inegável é que a memória de Leonel Brizola e sua trajetória reverberam e, neste ano e neste processo eleitoral que se aproxima, suscitará simbologias e significados históricos.