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Ciro Gomes à TV Gazeta: "não sou parte da máfia!"

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Ciro Gomes concedeu entrevista aos jornalistas Maria Lydia e João Batista Natali no “Hora do Voto”, da TV Gazeta. Dentre grandes frases proferidas pelo presidenciável no programa, esteve sua enérgica afirmação: “eu não sou parte da máfia!”.
Ancoradas em polêmicas, algumas perguntas deram espaço a breves momentos de energias elevadas durante o programa. A “usina de intrigas” que constrói o rumo do debate político nacional demonstra sucesso na estratégia aplicada quando percebemos que, mesmo diante de um quadro econômico deplorável e uma situação política complexa, pauta-se de fofocas a lista de perguntas a um presidenciável. Apesar desses breves momentos, a entrevista contou com perguntas muito elucidadoras.

Três atenuantes e um fusível

Ciro afirmou, quando indagado sobre os “acordos” da política, que “presidencialismo de coalizão” é uma “palavra bonita” para explicar “fisiologia e roubalheira”. Para solucionar o impasse que justifica o “presidencialismo de coalizão”, o pedetista cita três atenuantes e um “fusível”.
A primeira é “propor antes”: expor sua proposta antes da eleição, explicando que objetivos serão perseguidos e por que caminhos. Assim, dá conteúdo plebiscitário ao presidencialismo, o que fortalece a “ideia”.
A segunda é a observação de que todos os presidentes, desde o general Dutra, se elegeram com minorias no Congresso, e todos tiveram poderes quase imperiais nos seis primeiros meses de mandato. Portanto, a hora da reforma são os seis primeiros meses: seis meses de discussão para “colocar a casa no lugar”.
A terceira é a realidade de que o pacto federativo brasileiro está falido. “Hoje”, argumenta Ciro, “dezessete estados brasileiros estão quebrados. 60% dos municípios brasileiros estão no limite da iliquidez em relação à lei de responsabilidade fiscal. Pudera, hoje os municípios estão recebendo recursos equivalentes ao que recebiam em 2012, enquanto se obrigam a novas tarefas”.
Essa questão é importante para “trocar a reforma por um grande entendimento de atacado que faça o pacto federativo vir para o centro do debate atenua a necessidade da fisiologia e do clientelismo”.
Por fim, o fusível: persistindo o impasse, chame-se o povo a votar diretamente por intermédio de plebiscitos e referendos, uma inerência da democracia.

Compromisso com as contas públicas

Ciro reafirmou seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas. Sobre isso, falou que “no Brasil, enquanto se esfola o povo trabalhador com tributação indireta (sobre consumo), enquanto se esfola a classe média, que é obrigada a pagar dobrado pra viver porque morre com IR na fonte, mas não acredita na saúde pública e paga plano de saúde; não acredita na educação pública e paga mensalidade escolar; crescentemente está com medo pagando segurança privada, nos condomínios, etc., ‘essa gente’ deu 360 bilhões de reais de renúncia fiscal em um ano”.
“Só o Brasil e a Estônia não cobram tributo sobre lucros e dividendos”, o presidenciável declarou, afirmando ser possível “virar o jogo” das contas públicas em 24 meses, ou antes, se lhe fosse dada a chance de trabalhar antes da posse.

“Eu não sou da máfia!”

Indagado sobre seu “estilo de ser”, Ciro citou seu currículo e a ausência de qualquer forma de abuso de poder ou desatino cometido em seus mandatos, lembrando que já foi tanto deputado de oposição quanto deputado líder de governo.  A jornalista insistiu em questionar sobre o “excesso verbal” do presidenciável.
A isso, respondeu que seu “desequilíbrio” tem a ver com o fato de que neste país 51% do orçamento brasileiro sejam despesas financeiras. Ciro se declarou um “homem da luta” e denunciou o “grande pacto”, “Omertà” na Itália, que equivale ao “silêncio da máfia”.  “Eu não sou da máfia”, afirmou.
Pressionado pela apresentadora por sua “franqueza”, Ciro perguntou: “franqueza não é uma virtude? A hipocrisia é uma virtude?”

Usina de intrigas

O pedetista encontrou espaço para apresentar suas posições políticas e expor seu currículo, apesar das tentativas sucessivas dos jornalistas de pautarem o debate a partir de fofocas e intrigas, inclusive referindo o “tatu no toco” ao explicar os movimentos da imprensa nas últimas semanas de requentar uma notícia descontextualizada dias depois de sua veiculação.
Em dado momento, Ciro afirmou que a “plutocracia paulista” tenta direcionar os rumos do debate nacional de forma interesseira. Disse, sobre as intrigas plantadas, que “até seus adversários confiam nele” porque atravessou “seus trinta e oito anos de vida pública sem nunca enganar ninguém”. A “declaração polêmica” em evidência era a sobre as “caixinhas” e o Judiciário.
“Veja, brasileiro, como nós estamos”, Ciro ironizou, ao fim da entrevista, indagado sobre a polêmica frase que disse em 2002, dezesseis anos atrás, envolvendo sua ex-esposa Patrícia Pillar, que é eleitora do cearense.
 
Confira a entrevista completa: