Não, Ciro Gomes não recebeu propina e seu nome nunca foi vinculado a qualquer repasse ilegal em nenhuma lista da Lava Jato (entregue pela empreiteira Odebrecht).
Os codinomes “sardinha” e “comida” eram senhas usadas pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB) na hora de receber a propina da empreiteira.
Então, de onde surgiu a notícia falsa?
Em 30 de Dezembro de 2017, a Folha de São Paulo lançou uma matéria cuja manchete era “Delação da Odebrecht não explica 600 codinomes do setor de repasses ilegais” (link no final). Por conta do acordo de Delação Premiada, a Odebrecht entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 2.300 listas com repasses ilegais. O material tem 76 mil páginas e vai de 2008 a 2014.
A Folha afirmou que, numa planilha da Odebrecht, escrita “tradução”, o nome de Ciro estaria vinculado ao apelido “sardinha”, porém nessa planilha não há nenhuma outra informação ligada a qualquer repasse (valor da propina, data e local de entrega do dinheiro), como é comum em todas as outras planilhas. A própria matéria da Folha traz: “não é possível encontrar operações relativas às alcunhas ou esclarecimentos sobre a inclusão deles no documento do Setor de Operações Estruturadas (o Setor ‘de propina’)”
Além disso, há uma reportagem do Jornal O Globo de mais de três meses antes (21/09/2017) em que um relatório do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal vincula Eliseu Padilha a três apelidos: “primo”, “fodão” e “bicuíra”. Cada político teria uma ou mais senhas na hora de retirar o dinheiro na data e local indicados. As senhas de Eliseu Padilha eram “comida” e “sardinha”.
Veja as fontes:
Folha de São Paulo
O Globo